Paradoxolinguagem

Hoje pela manhã — urinando — percebi que preciso redescobrir a poética da minha vida. onde terei perdido ou esquecido ela? nos dias que passam sem contar? em alguma frase escrita sem querer? no fundo do armário que nunca mais ousei abrir? ou nalgum amor batido que não consegui perceber?

a covardia no coração é o caos causado na casa do cínico calhorda

a linguagem me é falha: não comporta os mares do sentir.
todo material grafoplastigramático não é capaz de traduzir o simples momento em que duas mãos se tocam — (quanto menos dar idéia do gozo transcendental).

ao incerto futuro não tenho dúvidas: de todo modo será bom. mas tenho pressa, não caibo em mim. não tenho pressa, mas quero logo. espero não ter nascido póstumo; ao morrer começo de novo. pudera eu me despir do alfabeto como faço com minhas roupas — 24 horas nu de letras. apenas o Natural
o Inerente
o Essencial
o Inominável
(que por culpa da linguagem passa a ter nome)

Meu corpo dói. alongamento poderia me salvar do atrofiamento. (pena não conseguir alongar o coração.)

No paradoxo do real não me reparto ao meio& sim viro dois: prefiro ser dois monos a um estéreo; seres iguais porém diferentes.
o questionador universal castigado pela sua metafísica portátil& o acomodado niilista volátil comedor de fiambre.

no fundo queria APENAS desvendar todos os mistérios de todas as mulheres, mas talvez os mistérios existam apenas para serem mistérios; qualquer outra ação ou nome destruiriam sua função de ser mistério, conseqüente[mente] — [nova][mente] por culpa da linguagem — deixaria de existir.

silencioso torpor da madrugada me mantém pensando. O pensar: substância/ato que cria e mata. todo pensar produz algo. mesmo que seja esterco.

Baga Defente

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