O TIBET NUNCA FOI CHINÊS
A História do Tibet é quase desconhecida pela maioria dos meios de comunicação brasileiros. Mesmo budistas brasileiros a desconhecem. O importante é saber que o Tibet já foi um império. Entre os 7º e 9º séculos da nossa era, tinha o império tibetano um poder dominante na Ásia. O Tibet dominava a região de Tarim, que abrangia o Norte da China e do Nepal.
Mas a História do Tibet se confunde com a história do budismo no Tibet. Durante o reinado de Rei Songtsen Gampo (nascido em 557 D. C.), uma escrita Tibetana foi criada, o que permitiu a tradução de textos sânscritos budistas para o tibetano. Muitos grandes tradutores durante os séculos seguintes executaram o feito surpreendente de traduzir quase o corpo inteiro dos textos budistas indianos para o tibetano.
No 8º século, sob o Rei Trisong Detsen, uma grande leva de mestres budistas viajaram ao Tibet vindos da Índia, fugindo da invasão árabe na India.
Depois, incomparáveis mestres como Padmasambhava, Vairocana, Santaraksita e Vimalamitra difundiram o dharma ao longo do Tibet. A grande universidade monástica de Samye foi fundada durante neste momento e o Budismo foi bem estabelecido no Tibet.
Em alguns décadas posteriores, o budismo no Tibet encontrou inimigos tibetanos, e praticantes budista foram perseguidos pelo governo.
Porém, as instituições budistas se recuperaram gradualmente e uma segunda onda de traduções e professores veio da Índia nos 11ºe 12º séculos.
Os primeiros reis do Tibet Moderno foram da Tradição Sakya. Depois apareceram os sucessivos Dalai Lamas como soberanos no Tibet.
O primeiro Dalai Lama foi Gedun Drup, que era o sobrinho do grande Tsong Khapa. Gedun Drup se tornou abade de Ganden em 1438, e assim líder supremo Gelukpa. Foi Gedun Drup quem, para honrar seu professor e antecessor Khedrup Je, fundou o Monastério de Tashilhunpo, em Shigatse, que depois se tornou o local do Panchen Lama.
Logo após a morte de Gedun Drup (o Primeiro Dalai Lama) os Gelukpas introduziram o sistema de reencarnação. Tsong Khapa tinha predito que Gedun Drub seria o primeiro de uma sucessão de reencarnações de Avalokitesvara. Ele previu também que os abades de Tashilhunpo seriam as reencarnações sucessivas de Amitabha (os Panchen Lamas).
O título "Dalai Lama" se originou no século XVI, quando o líder principal Gelukpa, Sonam Gyatso (o terceiro Dalai Lama), visitou a Mongólia e converteu os Mongóis, pela segunda vez, para o Budismo. O chefe mongol, Altan Khan, fez do Budismo a sua religião nacional e conferiu o título de Dalai Lama (“oceano de sabedoria”) para Sonam Gyatso. Este título foi aplicado retroativamente para os dois líderes prévios Gelukpa que, como Sonam Gyatso, que tinham sido reconhecidos como reencarnações sucessivas de Chenrezig (Avalokitesvara).
O Dalai Lama atual é o 14º e embora represente o mais alto grau há outras encarnações, chamados tulku, normalmente provenientes do fundador de um monastério. Um tulku é descoberto e verificado por meio de oráculos, presságios e opiniões autorizadas e, se necessário, uma decisão final é feita pelo Dalai Lama.
Há quatro graus de tulku, o mais alto dos quais, um regente, é escolhido, para governar durante o período em que o Dalai Lama é menor de idade.
O 13° Dalai Lama, Thupten Gyatso, o Dalai Lama anterior, era um reformador e hábil político quando o Tibet se tornou um jogo entre a Rússia, China e Inglaterra. Ele foi responsável por restabelecer a disciplina na vida monástica e aumentar o número de funcionários seculares para evitar o poder excessivo nas mãos dos monges. Ele criou uma legislação para conter a corrupção entre os funcionários e estabeleceu um sistema de tributação nacional e uma força policial. Como um resultado dos seus contatos com poderes estrangeiros e seus representantes, ele conhecia os assuntos mundiais e tentou modernizar o Tibet, introduzindo a eletricidade, o telefone e o primeiro carro motorizado.
No entanto, no fim da vida em 1933, ele previu que o Tibet ia entrar numa época obscura.
O Tibet é um ponto estratégico: do alto do Himalaia a atual China pode por em xeque-mate toda a região da Ásia com foguetes atômicos. Toda a água dos grandes rios asiáticos se origina no Tibet. E as montanhas tibetanas são ricas em vários minérios essenciais. A palavra chinesa que designa o Tibet significa “pote de riquezas”. A acumulação primitiva do capital da China é feita à custa do Tibet.
Rogel Samuel