Sobre os poetas
Não existe poesia onde todo sentimento retido não possa ser completamente escrito.
O poeta, no sentido estrito da palavra, é um amálgama de emoções prestes a entrar em erupção, sente mais do que deveria, chora tempestades de padecimento, morre antes mesmo do último suspiro do moribundo e se regozija com o nascimento prematuro de qualquer amanhecer.
Todo o poeta tem fundido em suas artérias a vaidade de Narciso - sem falsidade e petulância - suportando as desgraças de cabeça erguida e como dizia Tito Lívio – experimentando tudo e não se espantando com nada - cada verso arrisca a vida, cada vida que encara os versos sente esta necessidade da vida de incorporar um questionamento, uma experiência, os próprios estados de emoções.
Nada mais que uma testemunha soturna é o poeta cuja visão capta interessadamente a fábula vinda do seu âmago extraindo a complexidade do sistema humano sendo um profundo conhecedor daquilo que a todos cabe conhecer sem a ignorância e a teimosia de querer desconhecer.
Devo dizer que, minuciosamente cada palavra então alinhada interessa a comover, a instigar, sendo este um ofício árduo que requer grande devoção para alcançar a sua matéria plena, além disso, o maior crítico de uma obra é aquele que a engendrou, desbravando novos caminhos sem cair na sua pejoração.
O verdadeiro gênio está para reinventar, recriar com base em todo o conhecimento adquirido criando uma nova vanguarda de manifestação, ao contrário daquele que detém a falta de personalidade e de caráter sendo ao mesmo tempo covarde de arriscar.
Diego Ramires