“Ser poeta é ter a maldição sob a fronte!”

                   "A QUALIDADE DE VIDA UMA NAÇÃO DEPENDE DA QUALIDADE DE SEUS POETAS"
                    (Willian Blake)

Minha avó dona Eugênia Planchez quando percebeu que esse escriba nos idos dos seus seis anos começo a arriscar alguns versos, logo alertou: "Ser poeta é ter a maldição sob a fronte!" Minha avó tinha razão! Poeta que é poeta é Atlas, carrega o globo nos arcos dos ombros! Orgulhosa maldição! Para o monstro poeta nessa era maléfica carregar a primavera entre os dentes é um indescritível prazer. Eu sei o que é ser poeta, você sabe? Avante, "povo dançarino do abismo!" Vida longa à Dailor Varela e a Jorge Mautner!
Avoé! Meus queridos padrinhos!

O festival de “poesia voa” que se iniciou dia 23 de novembro de 2005 pretendeu ser o segundo festival de poesia do Circo Voador/ Rio de Janeiro, (já que o primeiro rolou aqui nesse mesmo Circo no elétrico ano de 1985, onde estive presente com o grupo poético-teatral “Cine Vertigem” que fora liderado pelo poeta Maurício Sales de Vasconcelos). Águas se foram, dias e noites transcorreram, passei mais de dez anos longe dessa capital carioca, para os mais novos não passo de uma lenda. Fiz parte e vi dezenas de grupos e movimentos poéticos badalarem cá por essa terra de pólvora e lá pelos interiores/capitais de São Paulo. Samaral não mais está entre “os da noite”, fez sua passagem para o infinito dos papéis descorados. Agora o que eu quero é poder exercer o meu poema rock visceral, entrar de sola nesse solene encontro de falastrões, derramar um pouco do meu marfim sobre o cocuruto dessa gente distorcida.
“Um poeta não se faz só com versos, a poesia é a mãe das artes manhas”. Estive nesse festival dia 25 de novembro às 19h com a nossa banda de poesia elétrica primitiva BLAKE RIMBAUD ach o que apresentamos  três músicas. Voltar ao Circo após longa data e num festival de poesia foi emocionante, explodi de excessos. Como diz minha poeta amiga Josie (lá de São José dos Campos) “cometi o poema” sem ter pena de ninguém, nu para o sempre.
Agora usarei aqui mais ou menos palavras de Mário Faustino porque o poeta é sol asa delta do planeta, o cara que pega a palavra para lavar, palavra lavada, homem limpo. O poeta é sacerdote, o poeta é o verdadeiro exorcista, dos neurônios dele nascem os novos milênios, os governos e os desgovernos, os deuses, os demônios, as cidades e os países, as putas e as santas. “A poesia é a maior de todas as revoluções”. “Quando a verdade se cala as meias verdades são aplaudidas”. Quero ver quem é poeta mesmo porque ser poeta é foda funda. É muito fácil dizer “eu sou poeta”, poeta é o caralho! É mole fazer pose para o povinho da Zona Sul. Quero ver quem é que assum e a voz maior de seu tempo. Gostaria de saber quantos Dylan Thomas existem entre nós. Ser poeta não é para qualquer um. Quero ver quem tem coragem de dar saltos no escuro, ser um animal poético trinta bilhões de horas por dia? Quero ver quem tem coragem de sangrar na pele do alquimista vagabundo e mergulhar no fundo do fundo do fundo do céu inferno de si mesmo e sair de lá ileso.
Você é poeta? Poeta é o caralho!

Edu Planchez

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