Eram palavras
azuis e verdes

Hoje, pela manhã, bem cedinho... eu acordei antes do despertador tocar. Não acordei com o barulho do despertador; mas, sim, ao som da minha própria voz. Eu costumo falar quando sonho e, quando isso acontece, eu sempre acordo.
Foi um sonho bem curto, mas colorido e muito bonito!
As cores do sonho eram bem vivas e causavam uma forte impressão.
No meu sonho, eu vi meu pai chegando em casa, trajando num terno cor de violeta e a camisa impecavelmente branca. Ele usava aquele chapéu que os homens elegantes usavam antigamente: o mesmo chapéu do herói daquele filme: “Casa Blanca”. E o chapéu era da mesma cor do terno.
Quando ele abriu o portão de casa, alegre e sorridente, a expressão do rosto dele era muito saudável: as face coradas, os traços firmes; aquele ar decidido da sua personalidade forte.
Eu, no jardim da casa, estava a uma certa distância. E, assim que o vi, apressei-me em caminhar ao seu encontro. Chamei-o, mas ele parecia não me ouvir. Vi, quando ele abriu a porta de entrada da nossa casa e entrou. Novamente apressei o passo, tentando alcançá-lo e, estranhamente, fazendo um enorme esforço para isso...
Também entrei em casa, percorrendo um comprido corredor do qual não me lembrava. No final do corredor, dobrei à direita em vão; depois, à esquerda. E, afinal, dei com meu pai: esguio, bonito, altivo e elegante. Apesar da cor incomum, aquela roupa lhe assentava muito bem!
Neste instante, enfim meu pai me avistou e me sorriu; demonstrando no seu sorriso um intenso contentamento por me ver.
Então... eu corri para os braços dele que se estendiam para me abraçar.
-- Papai, por que não veio antes? -- Eu perguntei.
Foi exatamente aí que eu acordei, ao som das minhas palavras.
Eram palavras azuis e verdes. Azuis, de saudade... e verdes, de esperança!

Nair Lúcia de Britto