VIDA NO CAMPO
João saboreou o pedaço de fumo de corda que havia comprado na véspera, no armazém do povoado. O fumo era ardido, de cheiro forte, com consistência grosseira, cheio de nós.Se você o espremesse, saía dele um grosso caldo escuro. Seus dentes manchavam quando ele mascava muito, mas ele gostava.Depois, mesmo após saborear tal veneno, ele cheirava o café de longe, sentia a hora do café da manhã se aproximando, ele que acordava muito cedo, vendo o fio de luz se tornar bruma, a bruma preencher o horizonte, a névoa se transformar em clarão e o clarão se desenhar em um círculo de fogo cegante de luz dourada-avermelhada. Os bichos todos acordavam e ele olhava o horizonte com suas garças, papagaios verdes e azuis, as maritacas martelando seus ouvidos, bem-te-vis e pardais e andorinhas voejando sobre o pequeno lago, ora tomando banho, ora tomando água para mitigar a sede noturna, então ele também sentia sede, um pouco pelo fumo, um pouco pelo dia que se avizinhava, célere, e que ele avistara ao longe ser um longo dia. Ouvia os pequenos ruídos de sua casa, sua esposa arrastando móveis para dar lugar à luz do sol, batendo tapetes e abrindo as janelas e chamando os três preguiçosos filhos:
— Raimundo! João! Geninho! Vamos que a porca já torceu o rabo.
Então ele, que há muito acordara, ele que há muito já sabia da tez da madrugada desfeita, ele que conhecia de cor as nuvens que esculpiam suas estranhas texturas no céu das matas distantes e recém-desvirtuadas, aí ele sabia que o trabalho também seria seu companheiro além dos filhos que teimavam dormir mais um pouco, ainda jovens e teimosos. Raimundo, o mais velho, rapaz de compleição forte, com largo peito, braços fortes de erguer toras, cortar mato e árvores; Joãozinho, o do meio, olhos claros como os da mãe, cabelos aloirados e queimados pelo sol muitas vezes inclemente, dono de uma vontade de aço; e Geninho, o mais novo, preguiçoso e muitas vezes indolente, com tendências a ser rebelde, mas que a dura lida da vida do campo transformava lentamente no melhor dos três, pois o que não fazia no braço ganhava no trato com as contas da casa, sempre negociando com os credores e compradores o melhor preço, a melhor oferta e com isto, ganhava pouco a pouco a admiração de todos da família, embora no trabalho levasse muitas broncas do pai pouco versado nestas coisas de dinheiro.
Ele olhava a casa, com uma grande árvore na frente, sua copa fechada nesta altura do ano, após as grandes chuvas de janeiro, suas folhas gotejando o sereno da noite anterior, cheia de grandes galhos e sua poderosa madeira que muitas vezes servira para alguns móveis, como banquinhos para seus filhos estudarem, quando ao chegarem da escola reclamavam do espaço pouco. Surgiam bancos, surgiam mesinhas e eles se calavam e estudavam, pelo menos sabiam ler e escrever, mas o que mais queria aprender era João, apesar de Geninho gostar mais de matemática.Dos três, João era o que mais pensava a ponto de a mãe, mulher de corpo forte, cintura ainda boa e olhos claros vindos do sul do país, lhe chamar a atenção em dias de muito devaneio:
— João! Volta para a Terra que o pasto precisa de teu braço.
O rapaz, como que desperto de um sonho, sacudia a cabeça loira e ia pegar a enxada para tirar matos renitentes e cupinzais que alcançavam a altura de pequenos bezerros.
O pai caminhou lentamente em direção à casa, ouvindo as louças tinindo umas de encontro ás outras, as xícaras de metal sendo postas numa velocidade incrível, o bule de café já zunindo no fogão, o cheiro de leite fervendo, a manteiga sendo retirada da velha geladeira, o barulho da bomba do poço artesiano que os meninos às vezes enchiam de moedas pedindo um presente de Deus ou uma moça bonita, as cadeiras sendo postas em posição pelas prestimosas mãos da galega que ele desposara há tempos, bons tempos e duros tempos atrás, trazendo-a para aquele terreno virgem que eles haviam transformado em fazendola que os alimentava com carinho e trabalho diário.Mascando o fumo, ele sabia que a essa hora, entrar na sala com o que quer que fosse na boca seria uma denúncia e ele então, cuspiu longe o resto que ainda guardara enquanto ruminava as tarefas do dia e pensava em quem faria o que e quando, quando abriu a porta, olhou para dentro e viu a mesa posta para o café da manhã, com queijos, compotas, pão assado quentinho, leite na jarra e café no bule que parara de apitar.Admirou-se, como sempre, da velocidade com que ela preparava tudo, acostumada aos vãos e meandros daquela cozinha cheia de resmas de alho e cebola penduradas, lingüiças secas ou paios defumados ao lado de panelas de cobre bem areadas, facas dos mais diversos tipos em seus lugares de sempre. Ele tirou o chapéu, sempre posto a estas horas, olhou para seus filhos que estavam de pé ainda, esperando sua vinda como sempre, ele se aproximou da ponta da mesa, que era seu lugar desde há muito, pôs as mãos juntas, ao que todos também o fizeram e rezou agradecendo a fartura da colheita, agradeceu ao sol que sempre nascera para a família, abençoou o pão que nascia das mãos mágicas de sua companheira que o olhou com a ternura de todos os dias e sentaram-se todos, depois dele.
Era chegada a hora da comunhão e garfos e pães e manteiga e mel e leite se misturavam, numa alegre profusão de sons e cores e cheiros; era nesta hora que se punham muitos assuntos em dia, era neste tempo em que as tarefas eram divididas, nestes instantes que João levantava os preços, Raimundo planejava cercar o gado e Geninho perguntava pelo arado. Ele, de sua parte, relembrava as tarefas do dia anterior e passava a limpo com a esposa o que ainda havia de ser feito.
Ela ria com as piadas dos filhos, ele ria com as histórias de conquista de João, o mais belo dos três e que hora destas apareceria com aquela que se dizia ser sua noiva. Muita gente no povoado contava como certo seu casamento, o que muito preocupava sua mãe:
— Veja lá, menino, veja lá.
— As moças gostam do João; que se pode fazer? Nenhuma olha para mim — mentia Geninho.
O pai olhava os dois e Raimundo, que, quieto, com os olhos controlava tudo na mesa, ele que precisava de mais energia, pois dos quatro era o mais forte.
— O Raí, enquanto isso, devora os pés da mesa.
Risadas gerais. Ele não se fazia de rogado, comia o pão e a lingüiça, parando vez em quando para ouvir o pai nas instruções do dia. Eles precisavam reparar o cercado que fora danificado pelo riacho do lago nas grandes chuvas. João flutuando, a mãe chamando-o de volta.
— O que é a paixão! Mas afinal quem é a moça?
Geninho, observando o irmão nas nuvens, descrevia a menina:
— Ela tem a altura de uma fada, a cintura de uma abelha e a bunda de uma formiga içá.
Joãozinho acordava do devaneio e o fulminava com um olhar faiscante, mas ria à larga com o espirituoso comentário. João pai, depois das risadas, lembrava o compromisso, lembrava a seriedade dos laços, mas não deixava de brincar com os dotes da moça, que ele pessoalmente ainda não conhecera.
— Próxima semana ela vem aqui. Ela dá aulas, é professora, gosta de ler e escrever como eu.
— Falar nisso, como andam as contas?
Aí Geninho mostrava ao que veio. Enchia o ar com suas previsões, sabia de cor o que tinham no estábulo, sabia o que faltava de ferramentas e o quanto fora colhido e ainda precisava ser ensacado; sua mãe admirava os gestos que ele fazia e Raimundo olhava com uma ponta de ciúme, ele que só entendia de fazer força.
— Precisamos de sal; faltou um pouco de ração para o gado, mas já dei um jeito nisto.
— Como?
— Parte da colheita sobrou; negociei com o velho do armazém as sobras com a ração. Deu de graça!
— Esse Geninho... Dá nó em pingo d´água.
Prosseguia o café, mas com hora marcada para terminar, pois já batiam as oito, era hora de começar, cada um tinha sua missão. Antes de levantar da mesa, uma última prece para o alimento.
— Demos graças pela fartura de nossa mesa, pela nossa saúde, pela nossa família.
Todos diziam amém.
Lá ia Joãozinho à cidade, comprar ração, lá ia Raimundo com o pai, reforçar a cerca rompida, lá ia Geninho soltar os bois e vacas, lá ia a mãe limpar a cozinha e pegar as hortaliças no fundo da fazendola e matar uma galinha com as mãos duras de matar.
Abria-se a porta, a luz outrora baça agora estalava ao encontro dos rostos dos quatro homens e da mulher ainda viçosa. Saíam ao encontro do dia, ela os olhava com doçura, vira os três crescendo e testemunhara o esforço do marido para transformar seu sonho em coisas palpáveis. Estava ali o resultado.
Ela olhava a árvore que na sua juventude ainda não era tão galhada e forte, agora ela preenchia com sombras agradáveis o que antes fora um deserto de sol escaldante.
Um dos três virou-se e agitou a mão.
Ela respondeu com o pano que estava em seu braço; era a hora de sua solidão começar.Nestas horas ela olhava as paredes da cozinha sempre limpas, as panelas areadas e brilhantes, sejam as de cobre, sejam as de lata, imaculadamente limpas. Ouvia o cacarejar das galinhas e sabia, como elas sabiam, que haveria uma vítima em breve. Ela trabalhava, já preparando o jantar da noite que traria quatro homens famintos, quatro homens...E se lembrava de sua juventude, de como começara tudo, de haver conhecido seu futuro marido na cidade grande e tê-lo seguido até este povoado que oferecia terras novas à gente que as habitasse contanto que a terra produzisse e tiveram seu quinhão de terra, começando com seu marido e ela; e agora...Tudo isto, eles até haviam comprado uns terrenos em volta, mas o riacho, este sim, cortava a propriedade desde o início dos tempos assim como a grande árvore, que ela impediu que caísse e exigiu que ficasse à frente da casa, como uma proteção e que servira até de casa para um de seus filhos (só podia ser o rebelde Geninho...).Acontece que Maria, sim, este era o nome dela, Maria dera para sentir sono à tarde, pois ao terminar os afazeres, ao acabar de preparar o que ainda seria seu alimento, ela entrava numa modorra lenta. Costumava então chamar o gatarrão que caçava os ratinhos que teimavam em roer alguns dos mantimentos. O bichano, de lentos olhos verdes, manso como o capeta, a olhava com aqueles olhos faiscantes e ela se sentia abismada de medo com o seu silencioso comentário sobre sua vida.Ela costumava tricotar, tecia toalhas do mais fino trato, rendas que preenchiam sua sala, caminhos de mesa, centros de mesa, toalhinhas para o banheiro, porta-travesseiros maravilhosos, luvas de renda para pegar os pães que assava, meiazinhas que um dia serviriam úteis, a vestir minúsculos pés, então sua arte era produzir aquilo como uma tecelã infatigável e assim suas tardes se tornavam mais suaves na solidão dos dias modorrentos, sem o alarido de suas crias e de seu marido quieto e observador. Ele matutava, matutava e sempre tinha uma coisa na cabeça e enquanto isso não saía do jeito que ele pensava, era só pensamento e silêncio. Ela se resignava, afinal fora sempre assim, mesmo moço.
Mas naquele dia o sono veio invencível.
Ela pensou ter dormido meia hora, porque acordou com o sino da frente batendo. Havia alguém, mas ela não esperava ninguém a essa hora. Quem seria?
— Quem vem lá?
— Senhora! Aqui!
— Pois não?
— Sou de longe. Preciso de um favor da senhora. Por favor.
A voz soava urgente. Ela sabia de uns acontecimentos, ela sabia de umas notícias que chegavam ao povoado, umas histórias de campos de luta, coisas assim que o marido não gostava nem de tocar no assunto. Ele queria era paz. O rapaz devia ter uns vinte e sete, vinte e oito ou talvez trinta anos. Estava alquebrado, muito cansado e tinha os pés esfolados de caminhada. Seus sapatos estavam em frangalhos. Sinal de que andara muito, muito mesmo.
— Que posso fazer por você?
— Pelo amor de deus. Um prato de comida, água e depois, vou embora!
— Está doente, seu moço?
— Não. Estou cansado. Deixe-me entrar. Sou do bem.
Ela se convenceu pela situação do rapaz. Tinha barbas escuras, mas já com mechas brancas, tinha uma perna machucada de picadas de mosquito e um pé bem feio de infecção. Ele bem podia seu um de seus filhos.Era bonito, tinha ar de ser inteligente. Ele comeu avidamente o que ela lhe preparou, não comia há dias e segundo ele, caminhava há muito tempo. Ele fugia.
— De quem vosmecê foge?
— Venho da mata. Venho das florestas pra banda de lá do rio, muito longe, a léguas daqui.
— Que fazia lá?
Ele interrompeu sua refeição, com um pedaço de pão que usava para cercar o arroz e o feijão (como fazia o Raimundo), olhou-a nos olhos.
— Como se chama?
— Maria.
— Maria... Eu me chamo Roberto. Sou professor, dava aulas na mata...
— ...De quê? Na mata?
— Tem gente que quer aprender, Maria. Quer saber mais do que ensinam, quer saber da liberdade do Brasil. Tem gente que quer saber de um país que muda todo dia. Sou um dos que quer este país diferente.
Baixou os olhos e continuou a comer, bebendo o vinho gelado que ela lhe servira e que sempre servia para as visitas que vinham à sua casa.
— Mas não posso ficar muito tempo. Tem mateiros no meu encalço. Se souberem que estive aqui...
— Pode contar comigo.
Ele comeu, pediu licença e puxou um charuto, que teve a educação de fumar fora da sala. Muito gentil o moço, muito distinto, era o tipo de homem que faria uma moça se perder.Mas ela...
— Quer um licor?
— Você é muito gentil. Posso chamar você de você?
— Ora moço, que é isso.
— Você é muito gentil.
Algo o alertou. Talvez um ruído na mata que ficava próxima, Maria não raras vezes se encontrava cara a cara com bicho grande, de modo que...
— Maria. Adorei sua hospitalidade.Adorei sua comida. Sempre guardarei sua hospitalidade. Sempre saberei que aqui serei bem recebido. Isto, para mim, é um ponto muito importante e garanto, se puder um dia eu volto.
Ele olhou, a mesa grande, as panelas areadas, a cozinha um brinco, as toalhas que fazia...
— Maria, sua casa é bonita. Sua família lhe deve ter em grande apreço.
— Eu faço o que posso...
— Então saiba que faz mais do que muitos mereceriam. Parabéns.
Deu-lhe um beijo na testa, que cheirava a tabaco, pois o charuto estava em seus dedos nodosos e suas mãos estavam grossas de trabalho intenso.Ele jogou o que restara do charuto no chão.
— Mas, e esse pé?
— Tenho uns antibióticos comigo.
— Vosmecê precisa de uns curativos...
— Isso não atrapalha você?
— Imagina, será muito importante, farei com prazer. Esse pé seu pode piorar na mata. Vou he fazer um curativo, mas você precisa trocar duas vezes por semana. Senão, a febre vem e...
Ele consentiu...E ela cuidou do pé do rapaz recém-chegado como se fosse do seu filho, como se ele fosse de novo menino, como se ele fosse da sua família.
Mais tarde viu o moço partir. Ele, da mata, logo na bocarra da escuridão, virou-se e deu adeus com a mão, do mesmo jeito que seu filho. Ela retribuiu, que tarde movimentada, cadê o gatarrão, cadê suas rendas?
Ela olha o relógio, quase sete horas da noite, daqui um pouco chegam os homens da casa. Ela se apressa, que renda que nada, que gatarrão que coisa alguma, põe as panelas para ferver, corta as cenouras com uma agilidade, tira os ingredientes com uma presteza como há muito não se vira, ela olha o relógio e ouve ruídos, são vozes. Vai até o portão, receber seus filhos e marido...Mas o que vê são soldados. Armados até os dentes. Um deles sai na frente.
— Ô dona. Somos do exército.
— Sim?
— Onde os homens da casa?
— Trabalhando. Um no povoado, outro trazendo as vacas, meu marido e meu outro filho reparando a cerca que ruiu nas chuvas.
— Moça, estamos caçando um homem.
Descrevem o moço de barba que passara...Ela se apressou a dizer que nada sabia.
-— oça, não se apresse não. Podemos entrar?
Já uns dois mateiros vasculhavam a casa em busca de sinais.Um veio da cozinha.
— Alguém mais comeu aqui?
— Por quê, seu moço?
— Um prato sujo nesta hora...
— Deu fome. Sabe, estou grávida de novo.
Os soldados ficaram espantados.
— Essa gente tem muitos filhos, caramba.
— Tenho três, seu moço. São grandes e este vai ser temporão.
— Só três? Conheço gente daqui que tem onze...
— ...Quatro morreram seu moço. De febre, de diarréia, mas faz tempo. Os que vivem estão fortes e são homens, como vocês.
Os mateiros pegam um pedaço de charuto. Olham para ela com olhar de cães farejadores. Trocam olhares significativos.
— Olha, dona. Queremos saber de um moço assim...
Mostram o retrato do barbudo.
— Conheço não.
— Se conhecer, por favor, diga-nos.
O olhar dele a perscrutava e tinha mais de um que a olhava por trás... Ela sentia o momento crítico... Sentiu tonturas e empalideceu... O mais graduado deles a amparou.
— Levem-na para dentro. Chega por aqui. Escuta, dona. Se vir algo, pode nos dizer. Temos acampamento a três quilômetros daqui. Fica além do rio. Pra lá de banda. Perto da cachoeira. Um movimento suspeito e a gente volta. Está ouvindo?
A voz agora era autoritária. O olhar de rapina, os mateiros inquietos. Haviam farejado algo, indicaram com o queixo a entrada da mata. Como podiam saber?
— Bom, dona. Vamos indo. Comporte-se, hein?
Um dos mateiros veio, jogou a guimba do charuto a seus pés. Um dos soldados passou por ela e lhe deu um encontrão, o mais graduado deu uma coronhada na cabeça do imbecil.
— Seu puto! Não vê que ela está grávida? Porra!
Foram-se.
Ela ficou com sua casa em desordem (os mateiros reviraram a sala e a cozinha) de modo que quando chegaram seus filhos e viram aquilo, ela pálida, sentada na porta da sala com os olhos vermelhos, acorreram a ela com preocupação.
— Mãe, que foi?
— Nada. Não foi é nada.
Seu marido a olhava. Ela o olhou, seus olhos se encontraram, ele viu como ela era transparente em seus sentimentos, ele viu o terror em seus olhos claros. Mas mais nada perguntou.
Sentaram-se à mesa. Rezaram a habitual prece, agradeceram a fartura. Comeram como sempre, mas ela se recolheu antes. Todos a entenderam.
Dois meses depois, veio a notícia do homem barbudo que havia morrido em combate na selva, bem perto da bocarra onde entrara, na escuridão da despedida. Ela sentiu um nó de tristeza, um moço tão distinto, se dizia da paz...
Ela fazia as rendas.Toda tarde. Só faltava dar a notícia a seu marido.
Flavio Gimenez