Maluquices da Internet

             

Confesso a vocês que, ao abrir minha caixa de e-mails, diariamente, muitas vezes tenho uns chiliques: não sei se desmaio ou se enlouqueço! Recebo mensagens muito bonitas, mostrando cidades, arte... Mas alguns e-mails quase me matam: vêm com aquele ‘URGEEEEEEEENTE' que me leva a pensar que estourou uma guerra, um terremoto se aproximando, um ciclone que levará tudo pro brejo... Mas nada disso! Apenas um aviso de um possível vírus no meu computador, e que poderá vir num link de e-mail. Mas os novatos, aqueles que estão iniciando sua jornada de internautas, pensam que isso é coisa nova. Há muitos anos que recebemos estas mensagens que se repetem. E macaco velho sabe que não pode abrir o que não conhece.

Recebo muitos textos atribuídos a autores errados; também recebo alertas sobre roubos, estupros, contas bancárias a renovar - que nem são do meu Banco, avisos emitidos por um órgão público, assaltos no Caixa Eletrônico e doenças de todos os tipos: aliás, estou formada em doenças!

Sinto algo dramático, caótico; parece que alguma coisa está por explodir em meu corpo. Guardava tudo na pasta do provedor para possível consulta; estava ficando neurótica. E excluí todos. Centenas de avisos e alertas. Ligo a televisão: tragédias das mais variadas e seqüestros relâmpagos! Mas que mundo é este? Não existem umas coisinhas mais leves, de mais fácil digestão?
Entro num Banco, pareço mais com o guarda em alerta máximo , do que propriamente uma cliente; entro na porta giratória, a porta tranca e entro com a cabeça no vidro: era o meu celular. A fobia é algo que vai se alastrando e não nos damos conta. Está tão presente em nossas vidas que chega a ser cômico. Lembro do aviso - pela Internet - para não falar com ninguém, cuidar ao digitar a senha, cuidar ao sair do Banco, cuidar ao descer do carro, e andar com os vidros fechados. Tenho medo de estar delirando.


Recebi, há pouco tempo, uma matéria falando de nossas bolsas e de possíveis contaminações (matéria assinada por uma conceituada doutora). Matéria forte, me lembrou terrorismo. E não sei mais o que fazer com minhas bolsas.

É lógico que levo minha bolsa para o banheiro do restaurante, sanitários dos shoppings, nos bancos dos táxis, repartições públicas, nos laboratórios, hospitais... Enfim, onde todos tossem, espirram e cospem.

Todos estes lugares estão infectados por milhões de bactérias que passam pra bolsa e podem transmitir infecções cutâneas, infecções oculares, infecções do aparelho digestivo, infecções respiratórias... Como carregar minha santa bolsa sem tocá-la, doutora?

Dizem que viver é uma arte, mas é muito filosófica esta definição; viver é um perigo, falando curto e grosso! Acho que vou cuidar mais das coisas da Internet, tá muito dramático o negócio: mandam a bomba e não enviam a solução!

A BULA, doutora! Mande a profilaxia, os efeitos colaterais ao usarmos a bolsa; as indicações e precauções; como agir, e se deve ser mantido fora do alcance das crianças; mande os sintomas e orientação médica. Mande a solução, doutora!

Taís Luso de Carvalho

Fonte: http://taisluso.blogspot.com.br/