TROCA de ANO

Ano novo é momento de reflexão: “o mundo é de paz e a vida de espera”. Sempre há motivos para fazer um balanço na troca do ano, porque nos últimos meses as promessas ficaram engavetadas. As pessoas perdem o sentido da vida quando descobrem que tudo podem comprar. E as promessas ficam fora de escala para tal atitude, restando a esperança na troca do ano. Segundo Vera Versiani, “A primeira manhã do ano / traz a preguiça indecisa. / A cidade como um velho filme, / em provisórios silêncios e vazios, / se rebobina. // Depois arregaça as mangas. / Desejos, anseios e esperanças / fazem sua faxina”.

Ver o quanto é significativo ter coragem para mudar, pensar e esperar. Obviamente que a reação às promessas muda o panorama do cinzento para o luminoso, ao permitir viver de novo jeito. Celebrar a troca do ano como a hora de avaliar o que foi feito e lido, e questionar quais as perspectivas para o futuro, considerando a qualidade no fazer. Seja qual for o desejo de um futuro melhor, ele é alcançado com muitas leituras junto às novidades. O fluxo com os escritores tem servido de referencial para a integração entre arte e vida, como em Pedro Du Bois, “Ano Novo // Palavras bonitas / belas em significados / o que nos faz bem // estaremos renovados / no próximo ano / boas intenções / novos sonhos / esplêndidas ocasiões / promessas / promessas / promessas // o poeta / escreve como sempre / repetindo os dias // outras palavras / outras palavras”.

É chegada a hora de turbinar os pedidos para o ano novo, onde a diferença se encontra dentro de cada um. Dizer sem medo que um ano, para ser lembrado, precisa estar diante da vida movimentada entre surpresas, lutas e mudanças e que com vontade pode-se chegar à vitória, com maior valor, onde o transformar os sonhos e as promessas em desafios: passando da teoria à prática.

Tirar da gaveta as promessas, retornar às resoluções e as expectativas passam a serem estímulos para olhar à frente e enfrentar com talento as novas propostas: abrir espaço para os interesses pessoais, como harmonizar a família, o amor e os amigos. Dividir as ideias, a alegria, a tristeza e os novos projetos como forma simples de conquista. Alimentar os sonhos e os segredos para viver e transformar o desejo em doce realidade, sem perder a liberdade.

Luxo é saborear a troca de ideias com a troca de ano, enquanto o olhar se perde na exuberância da paisagem, como momento único. Não tem preço, é felicidade, é liberdade no que significa a satisfação em pequenos gestos. A magia da vida, como descreve Yun Jung Im, “O menino à janela / vem e me diz: / É o sol / do Ano Novo”.

Tânia Du Bois

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