Sobre minha avó

Não tenho retratos dela mas sei quem era e como era. Era negra, zelosa, cozinheira de mão cheia, perfeccionista, ranzinza, sempre no seu mundo particular, nunca foi de abraços e nem beijos. Era sincera, organizada e grande educadora de muitos filhos. O pouco tempo de convívio que tive com ela foi o bastante para saber que respeito vale mais que ouro e que educação te leva ao tapete vermelho.

Minha avó nunca precisou me dar um tapa para mostrar o que ela estava querendo dizer, era só olhar e já estava dada a ordem. Cresci observando olhares e devolvendo olhares que falam.

Minha avó morreu em 1991, com mais de 100 anos. Deixou pra mim uma palavra: observação. Observar cada momento da sua vida com os outros, sabendo enxergar que cada pessoa tem um motivo na vida para ser o que é e que não devemos jogar pedras em ninguém pois cada um sabe porque está vivendo o seu martírio ou felicidade.

Agradeço a essa mulher que veio ao mundo para ser minha avó e que me ensinou a ser forte e a falar com os olhos.

Mônica Banderas

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