Inovação na sala de aula

               Conteúdos de Matemática, Física e Português são transformados em peças teatrais, no segundo segmento do ensino fundamental ou até no ensino médio, transmitindo conhecimentos de forma clara e criativa. É comum utilizar contos de Machado de Assis, nessa operação, como também obras de Bertold Brecht, como “A vida de Galileu”. Ou estímulos como os que se encontram em bem urdidas Maratonas Escolares de Redação, como as que são feitas no sistema público do Rio de Janeiro, abordando obras de escritores como Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Moacyr Scliar e Rachel de Queiroz.

                Não raro, quando estendidos esses trabalhos a atividades extraclasse, pais, professores e alunos confraternizam, na emoção dos resultados apresentados. Isso estreita a afetividade entre todos esses elementos, com redescobertas bastante expressivas. Infelizmente, usamos muito pouco a educação artística, prevista na LDB, como uma ferramenta de grande utilidade, no processo ensino-aprendizagem. Jogos teatrais ajudam a fixar conteúdos, desde que os professores estejam devidamente preparados para esse emprego.

               Numa escola da Fundação Bradesco, foi apresentada a peça “Romeu e Julieta”, com os textos utilizando conceitos matemáticos abstratos. Isso é original e certamente apresenta resultados altamente positivos.

               Tenho uma neta, Bruna, que estuda no 9º ano de uma escola carioca. Entrevistei-a sobre o tema dessa palestra. Ela manifestou ampla concordância com a tese de que devemos utilizar os tablets em sala de aula. Isso não se faz em maior escala, disse-me a Bruna, porque muitos professores não dominam o assunto, hoje conhecido de praticamente todos os alunos. São palavras da neta: “Se o professor não sabe, deveria aprender. Seria bom prá todo mundo.”

               Ela reclamou do tempo que se perde em Geometria, por exemplo, com os mestres escrevendo a lousa o tempo todo. Em aulas de Geografia e História, o uso de imagens como as que se encontram fartamente nos computadores ajudaria muito a compreender melhor temas intrincados.

               A revolução que se espera, na escola brasileira, pode estar mais perto do que nunca. Espera-se para 2015 uma aplicação mais intensa da tecnologia digital, inclusive com a adesão do próprio Ministério da Educação. Programas conectarão o computador ou tablete do professor aos equipamentos dos seus alunos. Por outro lado, haverá a ampliação da oferta mais constante de produtos educativos contendo vídeos e imagens tridimensionais, facilitando em computadores, tablets e smartphones (IOS e Android) o aprendizado em Ciências, Geografia, Biologia e Química. Com essas imagens o professor pode explicar melhor assuntos complexos, tendo a sua missão facilitada.

               É claro que a música pode ter um papel fundamental nesse processo, dado o impacto que provoca no universo da juventude. Já existe uma plataforma intitulada “Universo do Som” que ajuda na iniciação musical. E para o livro, nisso tudo, se reserva a missão de destaque, como instrumento insubstituível de cultura.

NOVOS CAMINHOS DA LEITURA

               Os recursos tecnológicos hoje disponíveis facultam, com um mínimo de conhecimento técnico, a intervenção do leitor diretamente nos textos. Hipertextos transferem parte do poder do escritor para o leitor pela possibilidade e habilidade que este último passa a ter de escolher livremente seus trajetos de leitura. Assim, ele elabora o que poderíamos denominar "meta-texto", anotando seus escritos junto a escritos de outros autores e estabelecendo links (nexos ou interconexões) entre documentos de diferentes autores, de forma a relacioná-los e acessá-los rapidamente.

               A comunicação tornou-se rápida e concisa, transformando a escrita. A fragmentação, certamente, não iniciou com a internet, mas era muito mais controlada. O texto encolhe cada vez mais, perdendo o aprofundamento. Temos hoje os mini blogs e, através do twitter , instalou-se a twiteratura , onde as ideias têm que ser expressas com, no máximo, 140 caracteres.

               Para alguns autores, este novo mundo é “emburrecedor”. Quando não se estimula algumas habilidades cognitivas, elas se perdem. Se a distração é constante, o pensamento não é o mesmo de quem tem o hábito de prestar atenção. Há pesquisas que demonstram a adaptação dos circuitos cerebrais.

               Os usuários da internet costumam receber tudo pronto. O jornalista Gilberto Dimenstein, em sua coluna na Folha de São Paulo, citou uma pesquisa da Universidade de Stanford, sobre a realização de muitas tarefas ao mesmo tempo, o que tornaria o cérebro menos condicionado e menos funcional. Esse distúrbio é chamado de “cérebro-pipoca”, que dificulta o foco no que é realmente importante, trazendo dificuldades de diferenciar o valor das informações.

               Por outro lado, as experiências com hipertexto estreitam a distância que separa documentos individuais no mundo da impressão. Por reduzirem a autonomia do texto, reduzem também a autonomia do autor. O leitor torna-se um construtor de significados ativo, independente e autônomo.

               O leitor virtual tem diante de si o poder dos dígitos, que transformam qualquer informação numa linguagem universal. Multimídia é a nova linguagem, e o leitor navega na tela programando sua leitura, escolhendo textos, sons e imagens fixas ou em movimento. O acesso depende, apenas, dos interesses de quem navega.

               Tal como o cérebro humano, o hipertexto não possui uma estrutura hierárquica e linear. Sua característica é a capilaridade, ou melhor, uma forma de organização em rede. Ao acessarmos um ponto determinado de um hipertexto, consequentemente, outros que estão interligados também são acessados, no grau de interatividade que necessitamos.

Arnaldo Niskier