POESIA REUNIDA

de

Affonso Romano de Sant'Anna

Volume 1 – 356 páginas – R$ 21,00
Volume 2 – 316 páginas – R$ 19,00


A trajetória poética de Affonso Romano de Sant'Anna, reconhecido como um dos intelectuais brasileiros de maior importância, é refeita nesta Poesia reunida, 1965-1999 , em dois volumes. Do início rebelde e contracultural da época da ditadura aos experimentalismos formais  e aos poemas de preocupação social e cotidiana a que se soma o lirismo apaixonado, a poesia de Romano de Sant'Anna perfaz o percurso da poesia brasileira da segunda metade do século 20, em seus temas e formas. Identidade nacional, crise metafísica, indianismo e busca pela liberdade são alguns dos temas abordados por Romano de Sant'Anna, além de metapoesia, sempre com a leveza estilística que é marca do autor. Poesia reunida compila os poemas dos livros Canto e palavra (de 1965) , Poesia sobre poesia (1975), A grande fala do índio guarani (1978), Que país é este? I (1980), Política e paixão (1984), A catedral de Colônia (1985), O lado esquerdo do meu peito (1992) e Textamentos (1999).

 

INTRODUÇÃO DA EDITORA L&PM PARA “POESIA REUNIDA” DE AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA

ABRINDO A LEITURA

           Nestes dois volumes contendo oito livros de poemas de ARS o leitor encontrará a trajetória poética de um autor que passou pelos diversos momentos da poesia brasileira entre 1950 e 1999, guardando sua individualidade e desenvolvendo sua obra como um projeto poético e existencial.
           Já o primeiro livro - “Canto e palavra” (1965) era a superação do falso dilema entre forma e conteúdo, formalismo e participação, que havia caracterizado a poesia daquela época, como se fossem “ duas águas” inconciliáveis, de acordo com a imagem de João Cabral. Em “Poesia sobre poesia” (1975), conforme suas palavras, o autor realiza um acerto de contas com as vanguardas de que participou quando dialogou com o Concretismo e Praxis e participou de Tendência e Violão de Rua. É um livro desesperado, poesia para poetas, poesia-ensaio, poesia-manifesto, fundamental para se entender os dilemas da poesia na época, onde ARS exorcisa o poeta que há dentro do critico e teórico.
            Já “A grande fala do indio guarani” (1978) não apenas retoma o poema longo, mas estabelece um diálogo com a tradição poética que vem dos índios pré-colombinos aos nossos guaranis. Realizando uma “poesia planetária” como assinalou Tristão de Athayde, refaz um trajeto que vem de Gonçalves Dias e passa por “Macunaíma” e aborda os ásperos momentos da repressão política, social e estética. Por sinal, é dupla a luta desse poeta: contra a repressão formal e a repressão estética. Por isto aquele discurso ainda se complementaria em “A catedral de Colonia (1984), poema escrito quando lecionou em Colônia(Alemanha) e conviveu com vários exilados, reafirmando sua perplexidade diante da história e do tempo( dois de seus tema fundamentais), fundindo lembranças de sua infância nos trópicos com a história européia. Mas essa obra, no entanto, é precedida de “Que país é este?” (1980), livro-marco, que ajudou a enterrar a ditadura e a trazer a poesia à tona dos acontecimentos sociais. Lembre-se que ARS nos anos 80 estampou corajosos poemas nas páginas de política, compôs textos para a televisão, aceitando os desafios mediáticos de seu tempo. Por isto Wilson Martins o chamou de “o poete do nosso tempo” e “o mais brasileiro” de nossos poetas.
           Os dois últimos livros “O lado esquerdo do meu peito” (1992) e “Textamentos” (1999) têm uma certa unidade entre si. É como se o autor tivesse encerrado o ciclo dos longos poemas, voltado a uma poesia menos épica e mais intimista, onde Eros sobrepuja Tanatos. São livros de leitura mais direta, graças ao apuro a que chegou o autor depois de percorrer os tortuosos caminhos de nossa poesia nesses últimos cinquenta anos.
           Releva dizer, finalmente, para ficarmos apenas no espaço da poesia, sem nos alongarmos na área do ensaio, crítica e da crônica, gêneros em que o autor tem notáveis contribuições, que ARS é um caso raro na poesia brasileira. Dela participa como poeta de repercussão nacional e internacional e dela participa como agente aglutinador. Além de estar em diversas antologias dentro e for a do país, tem participado de festivais internacionais na Irlanda, México, Canadá, Colômbia, Israel, Chile e Quebec; foi um dos articuladores da “Semana Nacional de Poesia de Vanguarda” (B. Hte, 1963); foi o editor do “Jornal de Poesia”, no Jornal do Brasil (1973), que publicou pela primeira vez, na grande imprensa, jovens “poetas marginais” ao lado de Drummond e Vinícius; foi também o organizador da “Expoesia” (1973) que, em plena ditadura, reuniu 600 poetas e tornou visível uma nova geração, e, mais recentemente, realizando uma marcante gestão à frente da Biblioteca Nacional, foi o criador e responsável pela sofisticada revista “Poesia sempre” (entre 1991 e 1996) que propiciou que a criação poética atual brasileira dialogasse com a poesia que se faz em dezenas de outros países.

Os Editores

 

Affonso Romano de Sant'Anna durante a ditadura, lançou seu primeiro livro de poesias, Canto e palavra (1965) e foi lecionar na UCLA (Califórnia). Na década de 70, dirigiu o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ. Foi presidente da Biblioteca Nacional de 1990 a 1996. Lecionou também na UFMG, UFRJ, universidades da Alemanha e França. Publicou cerca de 30 títulos, entre livros de ensaio, crônicas e poesia. É colunista de “O Globo” do “Estado de Minas” e do “Correio Braziliense”.

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