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Yahoo! Noticias - LITERATURA
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Quarta-Feira, 10 de Setembro, 07:50 PM

LITERATURA – Guerrilhas literárias arejam 11 de setembro
 
Juliana Resende/BR Press

(BR Press) – Uma saudável guerrilha cultural – e global – vai tomar o planeta de assalto neste 11 de setembro. O site www.bookcrossing.com , criado por Ron Hombacker, nos EUA, propõe que a data dos atentados em Nova York passe a ter também um significado humanista, além da lembrança da tragédia. O Bookcrossing sugere o abandono de um livro – melhor ainda aquele que você adorou – em locais públicos: no metrô, no ônibus, na praça. A idéia é que outra pessoa possa pegá-lo, lê-lo e abandoná-lo em outro lugar, para que outro o apanhe, etc. A imprensa de São Paulo noticiou a iniciativa norte-americana, que já ganhou adeptos mundo afora. Acontece que um projeto semelhante existe no Brasil há quase dez anos: o Tem Poesia no Meio do Caminho.

Criada em Curitiba, pelo poeta Carlos Alberto Barros, essa corrente literária já distribuiu mais de 400 livros pelas ruas de várias cidades brasileiras, como Curitiba, Bento Gonçalves (RS), Recife, Rio de Janeiro e Montes Claros (MG). "Como duvidar do caráter de fênix da poesia?", questiona Barros. "Tal a mitológica ave, ela vem ressurgindo há milênios, silenciosa e discretamente, nos mais diferentes lugares, nas mais diversas situações."

Circulando idéias

Barros, cuja iniciativa não se restringe a livros de poesia, reconhece que a idéia é boa – mas está longe de ser uma novidade. Em 1976, o artista plástico pernambucano Paulo Bruscky expôs uma mala, com a proposta de que ela fosse levada para um lugar qualquer, onde outra pessoa pudesse levá-la de novo para onde quisesse, até que um dia ela chegasse, de volta, ao Museu do Estado, no Recife.

Em 1993, o poeta carioca Luiz Pucú propunha em seu livro Namorando, que ele fosse deixado em balcões de padarias, bares, mercearias e quitandas.

"Em 1994, nasceu oTem Poesia no Meio do Caminho. Os livros do projeto continham uma etiqueta na capa e outra na primeira  página", conta Barros. Na etiqueta, as instruções eram claras: "Dep! ois de ler esse livro deixe-o em qualquer lugar, onde outra  pessoa possa pegar, ler e novamente deixa-lo num lugar qualquer (evite locais fechados, como salas de espera)". O nome é uma  homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, autor do clássico Tem uma Pedra no Meio do Caminho.

"Além dos cerca de 400 livros ‘no meio do caminho’, tive muitas surpresas agradáveis, desde a maravilhosa acolhida ao projeto dada pela imprensa, sem contar o surpreendente apoio de livreiros e editores, que doaram inúmeros exemplares para a execução do projeto", contabiliza Barros. Na pindaíba

No entanto, o Tem Poesia no Meio do Caminho não conseguiu a aprovaçãos em leis de incentivo à cultura para captar patrocinadores. Ou seja: é realizado numa raça quase franciscana. "Em 1995, apresentamos o projeto à Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Curitiba que, depois de aprová-lo, o desaprovou sem explicar o por quê. Eu aprendi que aquelas pessoas ainda não estavam preparadas para encontrar poesia em seus caminhos", diz o poeta. Colheitas

Mesmo com parcos recursos, alguns episódios provocados pelo projeto são memoráveis. Barros é quem narra: "Lembro-me de um cidadão curitibano que desceu do ônibus, correndo, em minha direção para dizer-me que eu havia esquecido meu livro… Ou quando uma emissora de televisão, à guisa de fazer uma matéria sobre o projeto, ficou com a câmera escondida por quase uma hora, à espera de que alguém pegasse o livro deixado em seu caminho. Vimos crianças serem puxadas para longe do livro por seus pais, até que uma garota o pegou e ficou surpresa com o aparecimento da televisão perguntando-lhe sobre a colheita que fizera…". Com vontade de seu engajar na arretada guerrilha literária brasileira? Emeie o poeta pernambucano – carlosalbertobarros@terra.com.br. Pagando para ver que nem só de belicismo vivem os Estados Unidos? Visite o site do Bookcrossing. Deseje aos livros uma boa viagem. E, por favor, não desconfie quando ver os dit! os cujos largados por aí: não,  não é uma bomba – é apenas um livro, com todo seu poder de subversão.

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