Tilápia Galiléia
80 páginas - R$ 19,90 Editora Objetiva/RJ Na peregrinação que a família
Salles fez a Israel em 2000, um menino pescava no kibutz Ein Gev, nas marges
do Mar da Galiléia. Quando levantou o anzol trazendo um peixe, explicou:
"É uma tilápia... uma tilápia Galiléia". Tempos
depois, o autor descobriu que não se tratava de uma denominação
científica, e sim da maneira habitual com que o povo da região
referia-se ao peixe; neste momento, porém, o animal já tinha
se transformado em espécie... de poesia, mais precisamente neste
espécime de encantadora beleza, que agora cintila em escamas brilhantes,
aos olhos de seus leitores. |
O autor:
Mauro Salles, 71 anos, nasceu em Pernambuco. É
casado, tem três filhos e nove netos. Jornalista, advogado, publicitário
e poeta, fez carreira no Rio de Janeiro. Foi diretor de redação
de O Globo e participou ativamente na fundação da TV Globo,
como seu primeiro Diretor de Jornalismo, na inauguração da
emissora. Foi Ministro de Estado no governo parlamentarista de Tancredo
Neves. Na década de 60, criou a Mauro Salles
Publicidade, hoje Publicis Salles Norton, uma das três maiores agências
do mercado brasileiro, tendo chegado a Presidente Associação
Internacional de Publicidade, com sede em Londres. É
autor dos seguintes livros de poesia: Coisas de Crianças, O Gesto,
Reisen (português/alemão) e Recomeço. |
Texto da quarta capa
Tilápia Galiléia é um estado de alma. De uma alma
inquieta capaz de transformar a existência em poesia e a poesia em
lugar sagrado. A Galiléia que habita em cada um de nós e
a tilápia que alimenta nossos desejos e temores. Neste livro, Mauro
Salles revela sua maturidade literária. São 30 poemas, ao
mesmo templo simples e misteriosos. São pequenos atos de fé,
do poeta que acredita no homem e no mistério da vida.
Opinião
Para quem gosta de ler poesia, Tilápia Galiléia encanta. É simples e envolvente, desde a história que originou o seu título (leia acima) até o ponto final. Cristo, em suas parábolas, falou por metáforas — específico terreno da linguagem poética; valendo-se também do aspecto conotativo da poesia, o autor, nesta obra, através da força da palavra, eternamente grávida de símbolos, transmite sua mensagem de paz, para um mundo que vivencia tempos tão conturbados de guerras, violências e incertezas. É um livro religioso, no sentido de tentar religar as criaturas com o Criador, através da criação poética, de grande expressividade — ressalte-se —, como em A Menina Maria e em Contrastes, os dois poemas do livro, disponibilizados no nosso site, em agosto de 2003. Para além da fluência estilística, destaca-se ainda, neste volume, a coragem de autor em exibir uma inabalável crença nos caminhos e nos corações peregrinos das pessoas sensíveis, incitando-as a valorizarem a vida em toda a sua extensão, dimensões e cores. O livro também se constitui em uma bela crônica de viagem, na qual o poeta revela, com imensa ternura, os aprendizados espirituais que introjetou, para além do que seus olhos viram. Ler Tilápia Galiléia é, pois, agradecer ao universo pela bênção da poesia, que consegue materializar em palavras — e portanto registrar — os sutis, complexos e delicados milagres diários, sequer percebidos tantas vezes pelo ser humano, em geral mais interessado em brilhar do que em se iluminar.
Leila Míccolis
Poeta, escritora de cinema, teatro e TV, co-editora de
Blocos On-Line