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Poetas "difíceis"? - Um mito
208 páginas
Editora Caminhos da Educação,
Lisboa/Portugal
A autora é poeta e teórica, combinação difícil em um mundo dicotômico, acostumado a ser uma coisa ou outra. Reunindo os dois lados, e sendo pedagoga, Teresa Guedes nos mostra como a poesia pode ajudar a todos ao conhecimento da língua, de forma divertida, fascinante. Muito mais do que isso, porém, a poesia ajuda a entender o mundo e as relações pessoais, "alargando a capacidade de expressão" dos seres humanos.
A autora:
Professoa efetiva do 2º ciclo do Ensino Básico, em Portugal. Orienta Ações de Formação para professores e dinamiza oficinas de Poesia e de Escrita Criativa para alunos. Publicou: Ensinar Poesia (1990), Milfolhas (manual de Língua Portuguesa, em co-autoria, 1992), Palavromanias — A poesia e a Aula de Português; Jogos e Experiências (1993), Composição — Oh, Não! (1997), Criatividade Precisa-se — na Poesia, na Narrativa e na Área de Projecto' (2000), Conto Estrelas em Ti (coletânea de poemas em co-autoria, 2001), Em Branco (poesia, 2002).
Fundamentos e propósitos da obra pela autora (trechos):
"É preciso não deixar assentar o pó de estrelas que cada criança tem na cabeça, sob pena de contribuir para a massificação do ensino que a nós também nos causa monotonia e desmotivação. O entusiasmo, tão típico da descoberta e da criação artística, tem de ser necessariamente partilhado com e através dos professores. No entanto, não se pense que a culpa reside só nos professores: a situação da Poesia na escola deve ser relacionada com uma situação de conjunto: a Poesia não "vende" bem, ela é mal difundida. Ela não é bem vista, porque é uma linguagem que coloca em quetões e pensa-se reservá-la a criadores ou a leitores dotados. Conceito errado. (...) O presente projecto destina-se a desdramatizar e a facilitar a abordagem e a produção do texto poético através de poetas considerados "difíceis" , expressão que constitui um mito generalizado. (...) Pretende-se também desvanecer a idéia de que há uma literatura específica para crianças.E, sobretudo na poesia, a fronteira entre a literatura infantil e a de adulto esbate-se saudavelmente . A criança não deve ser exposta exclusivamente a uma linguagem simplista, utilitária e redutora.Haverá sim, poemas mais adequados a uma leitura infantil e juvenil que outros; no entanto, reconhece-se que a verdadeira poesia para crianças é muito rara: ser para criança e não ser infantilizante. Também será de considerar que cada leitor é outro poeta e que cada poema, pelo facto de ser lido, se transforma em outro poema".
Opinião
Além das reflexões que Teresa Guedes propõe, delícia à parte é ler a seleção de poetas que a autora escolheu (brasileiros, inclusive): Drumond, Cecília Meirelles, Sophia M. Breyner Anderson, Rimbaud, Saramago, Fernando Pessoa, Antero de Quental, Jacques Prévert, O'Neill, Manuel António Pina, José Jorge e tantos outros. Destacar uma única parte é impossível, mas vale destacar a última parte, em que a autora registra uma série de "dicas", baseadas em sua experiência, de grande utilidade para qualquer poeta que goste de trabalhar seus versos, com afinco e amor. É a poesia promovendo uma ampla aprendizagem: sensória, intelectual, crítica, lúdica.
O livro pode ser pedido pela editora, através da Internet, no endereço:
< http://www.editorial-caminho.pt>.