O GAVIÃO

O que o sustenta
É o centro.
Onde se apóia o compasso.

Ele mesmo faz a rota
Da órbita
Que não ultrapassa.

Assim o vôo é espiral
Amplíssima e regulada,
Expectante planar tranqüilo
Em que vibra uma emboscada.

E que não se sinta
Ausente,
                desvinculado,
Existe um fio estendido
Em seu olhar imantado.

Um fio que o liga à presa
E que, rápido, se enovela
No mergulho vertical

Onde a morte se desdobra
Em grito
Das suas garras.

                                                    Myriam Fraga