A TARTARUGA
E A FORMIGA

                           no caminho,
                                  na luta,
                                 na vida,

A formiga e a tartaruga
saíram mata a dentro,
passeando e conversando.

Estavam tão alegres e felizes
que nem prestavam atenção
por onde estavam passando.

Pulavam pedras,
saltavam gravetos,
contornavam montanhas,
atravessavam riachos.

Paravam, às vezes,
para se alimentar,
para melhor conversar,
em algum trecho empolgante,
da conversa.
“Cri, Cri, Cri,”
dizia a formiga, a
sorrir.
“Crá, Crá, Crá,”
respondia a tartaruga, a
zombar.

Não se sabe muito bem
de que sorria a formiga,
de que zombava a tartaruga!
E seguiam as duas contentes,
nesse caminho de caminhar,
parecendo, a quem as visse,
lado a lado — conversar,
que eram pessoas,
seres humanos,
gente.

Por isso mesmo,
paravam, de quando em vez,
cansadas, desanimadas,
com vontade de voltar,
esquecendo a
alegria e a felicidade
do início da caminhada.

Para a formiga, por exemplo,
era difícil seguir viagem,
debaixo de um temporal.
Pra tartaruga, ao contrário,
não havia tempo quente.
Só muita chuva ou
muito vento,
lhe causava algum mal.

A formiga se irritava,
dizendo que a tartaruga
fingia,
se protegia na casca,
disfarçando as aparências.

A tartaruga se irritava
por ter que parar,
pra dar cobertura à
formiga,
que se dizia mais frágil!
Não podia entender;
de que lhe servia ser ágil!?

E nessa contenda,
dormiam,
exaustas de esbravejar.

No dia seguinte, acordavam
para a alegria da vida.
O que ganhava(m) a brigar?!
A natureza é alegre e
a alegria tem a beleza
imbatível
do riacho
que canta,
que corre,
que ri,
que se espalha
de braços abertos
aos próprios destroços
que lhe jogam em cima,
na Terra Dos Porcos.

Se espelhando
nesta pureza do rio
que, embora sujo,
do sujo que nele jogavam,
se esforça em manter
a beleza
do canto de suas águas,
seguiram
a tartaruga e a formiga,
mata a dentro a
caminhar;
felizes de nem pensar
se gravetos ou pedras
precisariam saltar,
quantos riachos
deveriam atravessar,
quantas montanhas
contornar.

Só era importante ...
Caminhar.

 
Tetevar