“Desconfio muito da bondade e das boas
intenções de quem questiona o amor aos animais” (Cora Ronai
)
Olá Pessoau!
Hoje tenho três assuntos diferentes para comentar com vocês, aliás assunto é o que não falta.
Vou começar com um texto simplesmente maravilhoso, gentilmente cedido pela escritora Cora Ronai, da sua coluna do Jornal O Globo do dia 6 de maio de 2004. Merece ser lido e relido várias vezes. Com muito humor e ironia, ela conseguiu colocar um assunto denso e que merece toda nossa atenção, a adoção de animais X a de crianças. Segue abaixo:
Troque o seu gatinho por uma criança pobre
Enquanto trabalho, eles ficam aqui em volta, cada qual do seu jeito: Keaton em cima do computador, Netcat deitada no tapetinho debaixo da poltrona, Tati na cadeira de diretor ali ao lado, Lucas em cima da escrivaninha, Mosca e Tutu indo e vindo, Pipoca às vezes caçando um inseto, às vezes na janela, apreciando a noite.
Estou convencida de que os bigodes tão bonitinhos que têm são antenas que captam as vibrações do ambiente e da alma da gente. São solidários e companheiros, atentos e carinhosos. Às vezes, quando acham que estou concentrada demais no trabalho, dão pequenos puxões na minha roupa ou nos meus braços, as patinhas fechadas com grande cuidado para não machucar.
Apesar de lindos — e vaidosos! — eles sabem que beleza não é fundamental; fundamental mesmo é delicadeza, essa qualidade tão em falta na vida da gente.
***
Como muitos de vocês sabem, levo uma vida dupla. Não escrevo apenas no jornal, mas também num blog, isto é, uma espécie de diário que mantenho na internet, onde anoto idéias, comento uma coisa ou outra, mostro umas fotos. O textinho acima escrevi no domingo de madrugada quando, justamente, a Tati desceu da tal cadeira de diretor e veio dar uns puxões na minha roupa, pedindo atenção.
Foi um mix de observação do cotidiano com declaração de amor, uma daquelas coisas que a gente escreve sem qualquer pretensão, apenas para dividir com os amigos um momento de carinho; mas suscitou, pela enésima vez, a pergunta que nenhum dono de animal de estimação agüenta mais ouvir.
“Você tem um apreço muito grande pelos gatos, dos quais também gosto, tenho um, mas acho que, de sua parte e de tantas outras pessoas, há exagero”, escreveu um leitor. “Em vez de se ter tantos gatos, como você tem, por que não adotar uma criança sem-mãe-nem-pai? Não tenho nada com a sua vida, mas me preocupam — muito mais do que os gatos — as crianças que choram pelo carinho de alguém que possam chamar de mãe ou de pai — sobretudo de mãe. Em muitos casos, aliás, não se trata de escolher entre gatos ou criança, porque há condições financeiras e afetivas para se dedicar a um filhote humano, digamos assim, e ao mesmo tempo a um felino — para que ter seis, dez gatos?”
Desconfio muito da bondade e das boas intenções de quem questiona o amor aos animais, mas decidi responder ao leitor para esclarecer, de uma vez, o meu ponto de vista em relação ao assunto. Escrevi o seguinte:
Esta é uma pergunta clássica, feita por quem ou não tem animais ou não tem filhos; como você diz que tem um gato, suponho que não tenha filhos. É também uma pergunta muito difícil de responder, porque se a pessoa não percebe sozinha a diferença abissal entre uma criança e um animal de estimação fica complicadíssimo explicar — mas vou tentar.
Ninguém adota um filho porque tem um dinheirinho — ou um afetinho — sobrando, temporariamente desviados para quadrúpedes. Até porque ser um pai ou mãe responsável não é só pagar a escola e o pediatra e fazer um eventual carinho na criança ao chegar em casa; é se atirar de corpo e alma na construção de uma pessoa, ensinar, dar e mostrar exemplos, cuidar, levar e buscar na escola, no balé e no inglês, estar atenta ao que ela faz e com quem se relaciona, dar disciplina e compreensão nas doses certas, enfim... viver 24 horas por dia em função daquela criança.
É preciso ter uma imensa disponibilidade de tempo, paciência e carinho para ser pai ou mãe de verdade; para não falar em dinheiro.
Como eu disse, não dá para comparar filhos e bichos de estimação; mas, ficando só no lado prático da questão, ninguém precisa levar um gato à escola, conferir os seus deveres de casa, checar se escovou os dentes antes de ir para a cama ou, na adolescência, ir buscá-lo às quatro da manhã numa festinha do outro lado da cidade.
Inversamente, eu não poderia deixar uma criança sozinha durante todo o tempo que passo fora de casa, sobretudo quando viajo. Os gatos também não gostam muito dessas separações, é verdade, mas aceitam a situação resignados.
Quanto à pergunta dentro da pergunta (“para que ter seis, dez gatos?”) posso garantir, pelo menos nos casos que conheço, que ninguém decide ter seis, dez ou quinze gatos. Os gatos acontecem na vida de quem gosta deles. Um dia a tua filha chega da faculdade trazendo um gatinho que estava sendo maltratado no bar da esquina; no outro, o porteiro traz uma gatinha que foi abandonada em frente ao prédio, às portas da morte; ou a faxineira vem com uma siamesinha que nasceu na favela e que ela não tem condições de criar; ou...
Enfim. Há milhões de crianças em condições desesperadoras, é verdade, mas a situação dos animais não é nada melhor, pelo contrário.
Eu criei dois filhos maravilhosos, que se
tornaram adultos cheios de qualidades e me enchem de orgulho; e dou guarida
aos gatinhos que a vida teve a consideração — a delicadeza
— de pôr no meu caminho.
O que vocês acharam?! É ou não é uma crônica de tirar o chapéu e aplaudir de pé. Algumas pessoas têm o dom de “cantar” com as palavras, elas ecoam nos nossos ouvidos como aquela música predileta e nunca cansamos de ouvir notas musicais de bom senso, respeito, humor e principalmente amor. Não importa quem adotamos ou quem aparece em nossas vidas, o importante é o amor e a responsabilidade que temos sobre elas!
Acima suavizei um pouco com a estupenda crônica da Cora, agora vou colocar o resultado da pena do excelentíssimo doutor Thiago Lima, enviado pela amiga Ludmila.
A pena:
09/05/2004 - 18h19
Juizado condena rapaz por queimar cachorro
O universitário Tiago Dalence Lima, 21 anos, foi condenado na última sexta-feira, no Juizado Especial Criminal de Umuarama, por ter queimado um cachorro no dia 3 de abril. A pena foi prestar 32 horas de serviços no canil da cidade. O cão teria entrado no quintal da casa de Lima e tentado atacar uma cachorra dele quando foi queimado e morreu.
Redação Folha de Londrina
redacaobonde@f...
Londrina
Dispensa qualquer comentário! Mais uma vez a impunidade vence! Vamos tentar mudar essa pena ridícula?!
Mails de protesto:
prefeitura@umuarama.pr.gov.br
imprensa@umuarama.pr.gov.br
juridico@umuarama.pr.gov.br
O último assunto é o relato de uma companheira protetora, a Fátima Borges, que foi EXPULSA DA FEIRA NO RIOCENTRO, por panfletar contra as atrocidades realizadas no CCZ do Rio de Janeiro. Leiam!!!!!!!! Vale a pena! Preciso da ajuda de vocês, não vamos ficar de braços cruzados diante de tamanha injustiça!
Eis o email enviado pela Fátima :
Li seu comentário sobre a EXPO 2004
e, fiquei com vontade de te informar que fui expulsa sábado de lá
de dentro.
Fui panfletar contra a Prefeitura e a Sepda
com cópia reduzida das matéria de O GLOBO dos dias 15 e 16
de abril.
Ousei, entrei e consegui panfletar por
2 horas lá dentro, claro que alguém da Prefeitura deve ter
me delatado, pois após panfletar no acampamento e no pavilhão
2, fui cercada pelos seguranças do evento que queriam me levar para
a guarda municipal, fui salva por um amigo meu, veterinário, que
estava lá, eu e minha filha.
Ainda consegui que uma pessoa tirasse uma
foto com os seguranças me cercando, quando eu mesma fui tirar fotos
deles, todos viraram as costas, mas...fica tranquila, pois 15 minutos depois
que fui expulsa, chegaram , o prefeito, a secretária e o Claudio
Cavalcante e, muita gente, muita mesma, ficou lendo o meu panfleto contra
as atrocidades que rolam no CCZ do Rio, por conta de uma secretaria inútil,
criada por um megalomaníaco igualmente inútil.
Parabéns pelo seu trabalho e que
os seres de grande luz e de grande amor, continuem iluminando a tua alma.
Grande beijo,
Fátima Borges - Rio de Janeiro
Que vergonha! Agora, ainda por cima, não
podemos nos expressar.... estamos vivendo numa ditadura em pleno século
XXI, isso é o que chamo de retrocesso.
Recebo, diariamente, pedidos de adoções,
denúncias de maus tratos, etc. Os protetores de animais, são
verdadeiros guerreiros, lutam contra a insanidade, a falta de respeito,
de dinheiro, de compreensão e principalmente de amor, e nunca desistem,
parece que saem mais fortalecidos de cada batalha, de cada
não, de cada “porta fechada”.
Se cada um de nós fizer um pouquinho,
vamos criar um mundo melhor.
Nós somos parte da natureza, e precisamos
nos unir a favor dela! Esses são os verdadeiros seres humanos, dos
quais me orgulho, a esta classe quero pertencer, me jogar de cabeça
e salvar vidas!
Abaixo segue relato da mesma companheira citada acima… sei que é horrível, por isso mesmo precisamos fazer alguma coisa! A miíase come, literalmente falando, os gatos do Campo de Santana, pobres animais cariocas! E, para quem não sabe o que é miíase, vou dar seu sinônimo para facilitar, “bicheira”.
Miíase ou bicheira é a proliferação
de larvas de moscas em tecidos vivos. Patologia causada quando a “mosca
varejeira ou mosca verde” pousa sobre um ferimento de um animal depositando
dezenas de ovos que irão eclodir, transformando-se em inúmeras
larvas que se alimentarão de tecido vivo (miíase cutânea)
e, que se não forem exterminadas com rapidez, logo, logo, irão
cavar verdadeiras galerias sob a pele causando lesões e um incômodo
muito grande ao animal, (isto em qualquer animal). As lesões, quando
não tratadas, vão tão profundamente que chegam a atravessar
a musculatura do animal, atingindo órgãos vizinhos transformando-se
em miíase cavitária. Imagine o que não sente um animal
neste estado?
As larvas das moscas também podem se
proliferar em tecidos não lesados, quando a pele do animal apresenta
dermatites exsudativas ( produzem líquidos) mantendo o local úmido.
Também se proliferam em animais que
vivem em locais anti-higiênicos, cujos pêlos estejam sempre
molhados por urina ou fezes.
Uma das maneiras de se evitar que o animal
venha a ter miíase é mantê-lo sempre em locais higiênicos
e ter seus ferimentos (caso os tenha), por menor que sejam, tratados e
protegidos de moscas.
No caso de gatos, é muito importante
castrar, não só a fêmea como também e, principalmente,
os machos, pois na luta pelas fêmeas e /ou marcação
de territórios, os felinos adquirem ferimentos, por vezes, imperceptíveis,
mas que com muita facilidade chegam a miíase.
Se você perceber que seu animal anda
lambendo muito uma área determinada do corpo, cuidado! Pode ser
o primeiro sinal, esteja alerta e vá observar, pois a miíase
é fácil de detectar, cheira mal além de deixar um
pequeno orifício na pele. Daí, o melhor a fazer, é
procurar imediatamente um veterinário para que seu animalzinho não
acabe como os gatinhos abandonados do Campo de Santana, no Centro do Rio
de Janeiro. Inclusive, recomendo a todos que queiram ver, exatamente o
que ocorre com um animal com miíase avançada, a darem um
pulinho neste belo parque, pois apesar de todos os esforços da veterinária
Drª Andréa Lambert, que há muito tempo vem tratando,
cuidando, resgatando e tentando doações dos animais que recupera,
é humanamente impossível que uma pessoa, mesmo se desdobrando
como o faz a Drª Andréa, consiga resolver as tragédias
diárias a que são submetidos estes pobres felinos, principalmente,
sem nenhum apoio da Secretaria Especial de Promoção e Defesa
Animal – SEPDA. Secretaria criada pelo prefeito que, continuo afirmando
“de uma inutilidade sem precedentes” haja visto as matérias do jornal
O GLOBO de 15/04/04 e 16/04/04.
E, como se não bastasse terem “os olhos
furados”, “patas quebradas”, “rabos queimados”, etc., por pessoas desumanas,
estes animais esperam há meses pelos pequeninos abrigos ( solicitados
pela Drª. Andréa ao Presidente da Fundação
parques e jardins) que já deveriam ter sido colocados entre as folhagens
para que, pelo menos, pudessem se abrigar das chuvas e, com isso, diminuir
o sofrimento dos animais abandonados diariamente famintos, doentes e desprotegidos,
contando apenas com esta veterinária e alguns voluntários.
Se você quiser ajudar os gatos do Campo
de Santana, os gatos do jardim do Méier, os gatos do Hospital Souza
Aguiar, etc., entre em contato, pois, até as campanhas de conscientização
prometidas pela Secretaria de Promoção e Defesa Animal não
foram feitas até hoje. Já ouvi dizer, que, agora, faltando
apenas quatro meses para as eleições Municipais, estarão
no Campo de Santana, castrando. Fico me questionando:
- Será? Castrando? Só?
Por que será?
A Dra. Andréa, já faz isso há
muito tempo e muito mais!
Por: Fátima Borges Pereira – Vice-presidente da Ong DAAJ (Defesa Animal e Apoio Jurídico), Artista Plástica, Poetisa, Professora de teatro infantil e de português.
AA – Alma Animal: Caixa Postal 70595 - CEP: 22741-970 - Rio de Janeiro/RJ
Para socorrer os gatos entre em contato com:
Drª. Andréa Lambert , tels.:
2567-9516 – 9632-8115
Site: http://gatosdocampodesantana.kit.net
FONTES:
http://www.vidadecao.com.br/gato/index2.asp?menu=miiasegato.htm
http://gatosdocampodesantana.kit.net/regatados.htm
Secretaria Especial de Promoção
e Defesa dos Animais : sepda.IPLAN@pcrj.rj.gov.br
POR FAVOR. MAIS UMA VEZ PEÇO A AJUDA DE VOCÊS NESSA LUTA!
Beijos felinos.