Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta  Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.
 

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot


Olá queridos leitores, estou aqui, mais uma segunda, com o intuito de informá-los, alegrá-los ou comovê-los com estórias e poesias... Hoje  conversarei com vocês  sobre dois assuntos que me incomodam bastante – a vivissecção (utilização de animais em pesquisas) e sobre os CCZS (Centros de controle da Zoonose). Os dois assuntos estão intimamente ligados, pois os animais recolhidos pela carrocinha antes de serem brutalmente mortos em uma câmara de descompressão, são enviados como “pedaços de carne” para os centros de pesquisa e universidades para testes, são abertos vivos, sem anestesia e sem nenhuma piedade. Como podemos assassinar brutalmente um ser vivo,  pelo simples fato de ter nascido? Vamos, então, matar as crianças recém nascidas, pobres, que vivem nas ruas, ou os próprios moradores de rua e os colocarmos em uma câmara de gás, como se tivessem que ser punidos por terem nascido sem condições? como se isso fosse uma ofensa? Quer dizer: ou você reza pra nascer em uma família com recursos e estruturada ou morre? Digo o mesmo para os animais. Precisamos conscientizar a população à respeito da castração e da posse responsável e lutarmos juntos contra a tortura, a eutanásia. Todos os seres do planeta tem direito à vida, à dignidade. Por favor, em pleno século XXI utilizarmos técnicas hitleristas, que abominamos tanto, com animais, por preguiça, falta de vontade de mudar, de melhorar, por que assim é mais cômodo? Alguém tem que modificar esse plano de fundo, essa paisagem cinzenta e começar a viver na modernidade, num futuro onde pessoas se respeitam, onde vamos dar valor ao meio ambiente, aos seres vivos em geral. Sabemos que técnicas alternativas de pesquisas são utilizadas em países desenvolvidos, porque não copiarmos isso aqui? Já copiamos tanta coisa sem valor... será que muitos seres humanos não gostam do que realmente tem funcionalidade?! Deixo a pergunta, talvez sem resposta, mas vale pensar...

Para amenizar o tema pesado comentado acima, segue uma linda poesia da escritora Maria Helena Bandeira:

O CÃO VADIO
Um cão
E a poeira da tarde
Que morria
Um cão
E a completa certeza
Da vida
Vadia
Só ele entre a aspereza
E a tarde
Que morria
Só ele entre a vida
Vadia
E a poeira da morte
Que caía
Só a tarde morrendo
E a vida poeira
Vadia
Um cão qualquer
Na tarde
Fugidia


E uma linda estória, muito comovente da cadelinha da escritora Fátima Borges:

Bolinha, minha primeira cadelinha

Hoje, com uma lágrima entalada na garganta, com a voz embargada de tristeza, ainda sussurro:

— A Bolinha morreu... A Bolinha morreu!

Quarenta e cinco anos após, ainda consigo ver a minúscula cozinha de cimento, o fogão a querosene de duas bocas, com pés de ferro e a Bolinha dando seus últimos suspiros debaixo deste fogão com a bruxa chorando e acariciando o seu corpo dizendo:

— Ah... minha filha... você me esperou, foi????

Foi... Bolinha esperou a bruxa chegar para poder morrer em paz, não deixaria suas crianças sozinhas pra morrer, não seria correto, Bolinha tinha palavra, responsabilidade e amor, se morresse antes, as crianças ficariam sozinhas, pobre Bolinha!

Minha atenção, toda voltada para a Bolinha que partia calmamente como quem tinha terminado sua missão.

Bolinha, era uma virinha que tomava conta da gente, eu e meus irmãos, enquanto minha mãe, a bruxa, saía para vender coisas para conseguir o almoço ou jantar de seis filhos menores, eu tinha 7 anos na época.

A bruxa, era a meu ver, aos sete anos, aquela mãe severa e rústica que toda criança da minha época corria o risco de possuir, ainda mais bruxa quando a cena da Bolinha dentro de um caminhão aberto reaparece na memória , com seus pêlos brancos semi-longos e suas pintas pretas, olhava fixamente para a casa, a casa que foi dela e que nem ela nem nós sabíamos o porquê de não poder ser mais; enquanto o vento fazia sua calda peluda esvoaçar, seu olhar triste continuava fixo na casa que era sua, ainda vejo o caminhão saindo, bolinha presa por uma corda na caçamba junto com uma mudança que não era a nossa, certamente.

Bruxa!! Bruxa!!! Bruxa má! Bruxa má!!

Ela mandou a Bolinha embora!!!!

Logo a Bolinha... tão quentinha, tão boazinha, tomava conta direitinho da gente, uma vez até avisou minha mãe que eu estava bebendo uma garrafa com querosene no quintal aos três anos de idade..., o que me valeu uma boa lavagem num hospital público, criança bebe cada coisa!!! Mas... por que mandou a Bolinha embora??? Até hoje, não soube o porquê.

Dias se passaram e num belo dia alguém entra gritando porta adentro:

Mãe... mãe... mãe...! A Bolinha voltou, a Bolinha voltou!!!!!

Corremos todos para recepcionar nossa amada cadelinha, Bolinha sujinha, magrinha, mas toda pirilampa, pulava em cima de todos na maior alegria, até em cima da bruxa pulou e fez festinha!!!

Bolinha voltou!!!!

A Bolinha voltou....!!

A Bruxa, toda feliz perguntava pra Bolinha;

— Como, minha filha, você conseguiu encontrar o caminho de casa????

Certamente, se Bolinha tivesse como responder teria dito, imagino eu:

— Amor, o cheiro dessas crianças que te ajudo a criar me guiaram de volta, um dia você vai entender!!!

Claro que depois de ter voltado de uma viagem "sem volta" , andado mais de 100km para voltar de onde foi retirada, hoje, não tenho certeza se conseguiria, a bruxa recuou... e Bolinha continuou conosco sem mágoas e sem ressentimentos, ainda me lembro das crianças da rua e nós , correndo em volta da casa e chamando por Bolinha, ela adorava essa brincadeira, corria em volta da casa para nos pegar, por vezes, nos cercava e pegava, dando a volta ao contrário pela casa nos surpreendendo, eta Bolinha esperta aquela!!!

— Bolim totin.... Bolim... totin... Bolim totin... ( significado: Bolinha totozinha) .

Bolinha, continuou assim, a participar da nossa mesa e de nossas camas e principalmente das nossas brincadeiras, embora já não fosse uma criança, ou
....

Ainda hoje, a imagem de Bolinha está viva na lembrança, minha mãe, a bruxa má, chorando sobre ela em sua despedida e Bolinha partindo suavemente, sem um gritinho que fosse, acho que não queria nos assustar e eu sussurrando:

A Bolinha morreu, a Bolinha morreu...

Ainda triste, me dou conta hoje, de que, muitas crianças, provavelmente, acham e acharão sua mãe uma bruxa durante quase toda a sua vida, pois ao separar o melhor amigo de seu filho, estará também separando uma bela imagem  que toda criança nutre eternamente por sua mãe, reflitam!!!

Depois do lindo poema e da comovente estória segue uma parte da matéria sobre Vivissecção gentilmente cedida por Rosely Bastos Fundadora – Presidente da frente brasileira para abolição da vivissecção (FBAV):

A VIVISSECÇÃO É UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE

        A experimentação animal é diretamente responsável pelo aumento do câncer, doenças do coração, defeitos físicos, AIDS, etc...  Estas doenças estão causando uma massiva e sistemática destruição da saúde humana.  A razão fundamental é que:  "hoje a pesquisa está baseada quase que totalmente na experimentação animal", que é uma fraude médica e científica.  É impossível "re-criar" uma doença adquirida naturalmente em um animal , simplesmente por que desde que seja "re-criada", não é mais a doença original.  O resultado do estudo em amimais artificialmente doentes é o de uma informação não aplicável aos seres humanos e, sendo assim, tragicamente enganador.

        Após anos de intensa pesquisa com animais, laboratórios alemães e britânicos lançaram a Talidomida no mercado, com a clara afirmação de que "pode ser dado sem qualquer risco às mulheres grávidas, já que não causa nenhum efeito adverso na mãe ou na criança".  A Talidomida foi então o primeiro grande desastre terapêutico demonstrando os efeitos da experimentação animal.  Mas ao invés de abandonar estes falsos testes e argumentos, os fabricantes de drogas multiplicaram os investimentos na experimentação animal – resultando na má formação e multiplicação de outros desastres terapêuticos. Esta droga possui alto potencial de teratogenicidade e em muitos foi banida. Assim como a Talidomida, a DES também causa má formação física, câncer e morte quando usadas em humanos, e estas drogas foram seguramente defendidas pelos pesquisadores que as experimentaram extensivamente em animais.

        A vivissecção continua em parte por que oferece prêmios lucrativos e perpetua a tradicional filosofia médica.  E sabemos que péssimos profissionais se edificam na ignorância alheia. Experimentação animal é parte da indústria multi-milionária a qual inclui suprimentos diversos, gaiolas, fabricantes de equipamentos, criadores de animais, empresas de ração, imprensa especializada, e outros interessados. Outro fator é a falta de informação pública. Muitas pessoas não estão a par da crueldade que ocorre em pesquisas laboratoriais, ou são induzidas com a crença de que os experimentos são necessários para o avanço da ciência. Em verdade, os grandes avanços médico-científicos não são oriundos da experimentação animal.

Bem, preciso dizer mais alguma coisa?! Nas próximas colunas mesclando estórias interessantes e poesias vou colocando matérias sobre vivissecção e CCZS... que na minha opinião são temos fundamentais para nossa evolução científica, humana e espiritual.

Abraços de onça.


Esta coluna é atualizada todas às segundas-feiras