Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta  Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.
 

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot

"A GRANDEZA DE UMA NAÇÃO E SEU PROGRESSO MORAL PODEM SER JULGADOS PELO MODO COMO SEUS ANIMAIS SÃO TRATADOS"
GHANDI

Olá queridos leitores, estou mais uma semana aqui, trazendo duas matérias muito interessantes: uma sobre como os animais podem influenciar as atitudes dos seres humanos e, mesmo sem voz ativa, conseguem mudar nossa forma de pensar e agir. E a outra que mostra a relação entre os criminosos e os maus tratos a animais cometidos por eles antes de começarem a matar seres humanos...

Estive pensando sobre a quantidade de maus tratos que os animais sofrem. Sei que com isso me torno repetitiva, mas uma das maneiras que tenho para conscientizar as pessoas é escrevendo e acho que ressaltando este assunto, de repente, posso acertar um coração de pedra!

Queria ajudar de outras formas também, por exemplo, fazendo um trabalho de campo... mas para isso teria que ter um local para abrigar os animais, uma parceria para castrá-los e cuidar dos doentes, precisaria de carro e dinheiro... mas nada é impossível para quem quer fazer a diferença e estou pensando em um site onde possa arrecadar fundos em prol dos animais e assim fazer um trabalho mais efetivo por eles.

E vocês que, como eu, amam esses seres indefesos podem fazer muito também – ajudando ONGs e protetores que fazem um trabalho maravilhoso com muito pouco... - às vezes, desistimos de doar dinheiro pois pensamos que um depósito de cinco reais não irá adiantar nada... muito pelo contrário, se cada um depositar um pouco, a quantia arrecadada pode ajudar e muito... eu, por exemplo, não posso doar grandes quantias, mas sempre contribuo com alguma coisa!

Uma outra ajuda que tento dar é me tornando vegetariana. Como sempre fui carnívora, achava impossível conseguir deixar de comer carne algum dia, mas pensei: será que o meu desejo, muitas vezes a minha gula, valem a tristeza. de ver animais inocentes sendo mortos de forma cruel... vale a pena que sofram para satisfazer minha voracidade? E cheguei a evidente conclusão que não - por isso entrei no processo.

Estou me sentindo muito melhor, bem mais leve, menos cansada e descobri um restaurante vegetariano em que se come muito bem, barato e – o melhor de tudo – é uma DELÍCIA... você sai de lá bem disposto e pouco tempo depois já fez a digestão.... nada apodrece dentro da gente!

Pensem com carinho no assunto: nós continuamos comendo bem, melhoramos a saúde, ficamos mais jovens, por mais tempo e ninguém precisa sofrer, n ão é muito melhor?...

Estou tentando mostrar que uma coisa aparentemente impossível, ou muito difícil, pode ser conseguida – usei a lógica e vi que não adiantava amar os animais, defendê-los com unhas e dentes, se continuava comendo carne, mesmo depois de saber a violência sofrida por eles nos abates, percebi que seria muita hipocrisia e vi que tinha que começar a luta parando de comer carne!

..."Quanto aos animais serem bobos e burros demais para falar por si mesmos, pensem na seguinte seqüência de eventos. Quando Albert Camus era menino na Argélia, sua avó lhe pediu para trazer uma galinha do galinheiro no quintal. Ele obedeceu e depois ficou olhando enquanto ela cortava o pescoço do bicho com uma faca de cozinha, colhendo o sangue numa tigela para não sujar o chão. O grito de morte da galinha ficou gravado com tamanha força na memória do menino que em 1958 ele escreveu um apaixonado ataque ao uso da guilhotina. Pelo menos em parte, o resultado dessa polemica foi a abolição da pena capital na França. Quem pode afirmar, portanto, que a galinha não falou?"...

(Albert Camus, The First Man, trad. de David Hapgood, Londres, Hamish Hamilton, 1995, pp. 181-3; "Reflexions sur la guillotine" in Essais, ed. R. Quilliot e L. Faucon, Paris, Gallimard, 1965, pp. 1019-64)

 

Estudos relacionam violência a agressões contra animais
- Assassinos em série mataram ou torturaram animais, quando crianças. Esta conclusão foi o resultado da análise da história de vida desses criminosos, realizada nos Estados Unidos pelo Federal Bureau o Investigation (FBI, a polícia federal norte-americana), na década de 70. Pela primeira vez, a relação entre crueldade contra animais e crueldade contra pessoas foi reconhecida no país. Hoje considerada como sinal de distúrbios psiquiátricos,   a crueldade animal virou tema de um livro para adolescentes.publicado em julho de 200 pela HSUS (sigla para Sociedade Humanitária dos Estados Unido - uma das maiores organizações de proteção animal do mundo ) Understanding Animal Cruelty (Entendendo a crueldade contra o animal) O livro está disponível no website da entidade.
A publicação, dirigida também a professores, examina conceitos e causas associadas ao problema, leis sobre maus-tratos de animais e a relação entre esse tipo de crueldade e a violência doméstica. Há ainda questões que incentivam o pensamento crítico e sugestões de atividades a serem desenvolvidas pelo próprio leitor.
- Um estudo nacional sobre o perfil dos casos de crueldade animal nos Estados Unidos, conduzido pela HSUS, em 2000, descobriu que 94% da crueldade animal intencional foi cometida por homens; 31% dos responsáveis tinham 18 anos ou menos.
- "Agressores sexuais juvenis e suas experiências com pets", um estudo desenvolvido pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Erlangen, na Alemanha, também demonstrou a conexão entre violência contra animais e violência contra o homem. O trabalho foi apresentado durante a 9ª Conferência Internacional sobre as Interações Homem Animal no Rio de Janeiro.

- Quem maltrata animais maltratará os homens.

Barnard (2000) refere haver várias razões psicológicas para a perpetuação do abuso:

- falha da inibição - crianças que não conseguem controlar seus impulsos agressivos contra animais, freqüentemente crescem e tornam-se adultos que têm dificuldade em inibir esses impulsos contra pessoas; ou seus pais falharam ao tentar controlar o comportamento agressivo ou realmente foram incentivados nesse comportamento com recompensas. A agressividade não é usualmente devido ao sadismo, pois pode-se ter um impulso agressivo, o problema é a deficiência em interromper a progressão da ação desse impulso.

- o autor se refere também a participantes de rinhas de galo e de brigas de cães, e a maioria dos pesquisadores que utilizam animais em experimentos, pois seus valores foram desenvolvidos em uma cultura cuja ciência não reconhece o sofrimento, e nutrem defesas contra o reconhecimento do sofrimento de seres sencientes não-humanos. O autor postula que, se fosse apenas sadismo, uma grande mudança de personalidade deveria ocorrer para que reconhecessem a crueldade de seus atos, mas aprendendo sobre as conseqüências de suas ações, muitos foram levados à diminuição dos seus·impulsos agressivos.

- racionalização - o autor cita que há uma forte tendência em defender o que é habitual, e racionalizar permite encontrar razões para explicar as ações. Nessa instância, dissecações são racionalizadas como uma simples e permitida experiência escolar. A racionalizaçãopiora quando há fatores econômicos envolvidos.

- animais como lembranças da fase infantil - crianças naturalmente reconhecem os fatores comuns entre diferentes espécies, sentem um vínculo com animais, e incorporam esse vínculo as suas brincadeiras e histórias. Quando crescem, as crianças tendem a deixar as·relíquias da infância para trás. Portanto, associações com animais podem trazer desconforto, principalmente aos homens, pois se preocupar e cuidar do sofrimento de animais pode trazer de volta a infância que ele está tentando esquecer. Algumas pessoas usam perversamente a imagem de animais ou as envolvem em suas atividades cruéis como parte de sua luta no reconhecimento da fase adulta e como significado de masculinidade. O autor reconhece que, felizmente, as pessoas aprendem sobre as complexidades dos não-humanos e seus papéis no desenvolvimento no mesmo plano que o delas, e uma apreciação das outras formas de vida rapidamente torna-se uma marca de sofisticação e não de infantilidade.

- dominação e estratégias entrelaçadas - machos humanos também são preocupados com a exibição de força que indique sua adequação genética. O jogo da dominação é importante na caça e especialmente em rodeios, onde, virtualmente, cada uma das modalidades envolve arremessar animais ao chão, amarrando-os, e imobilizando-os. Essas exibições de dominância são intencionais, talvez inconscientemente, para impressionarem as fêmeas e competir com os outros machos.

- protelando a autoridade - muitas pessoas assumem que doutores e cientistas possuem conhecimento, e julgamento moral, superiores à média humana.

- fantasias sobre animais - as pessoas projetam seus impulsos agressivos sobre os animais. Felinos são geralmente visto como furtivos ou indiferentes, provavelmente por causa de seus músculos faciais que não permitem tantas expressões como cães e primatas. O autor sugere não ser um sentimento óbvio e, para as pessoas para quem hostilidade é o maior problema, tendem a imaginar esse sentimento refletido nos gatos, ou a projetarem seus impulsos agressivos sobre eles. Pessoas que torturam animais vitimizam gatos muito mais freqüentemente do que cães. E porque há uma associação entre felinos e mulheres, homens que são violentos contra mulheres geralmente abusam de gatos também.

- fantasias negativas sobre animais tendem a exagerar características relevantes e a conduzir ações contra eles   pensando em apenas duas categorias, crianças tendem a categorizar o mundo em termos de extremos como bom versus mau; nós versus eles; claro versus escuro; preto versus branco. Uma maior maturidade é necessária para perceber as tonalidades de cinza. Pensamentos nós vs. Eles podem ter continuidade na fase adulta o que pode ser explorado por políticos e diretores de cinema. Diferenças entre homens e animais podem parecer oprimir similaridades e confina-os em uma categoria distinta da humana. Esse tipo de pensamento leva ao preconceito, mesmo que moralmente relevante, como base de decisões éticas.

Na infância ocorre um desenvolvimento da capacidade de agir sobre um impulso antes do desenvolvimento da capacidade de inibir ou modular essa ação. Nós renunciamos ao canibalismo, humanos escravos foram libertados, e, depois de tudo pelo qual a humanidade passou, depois de tudo o que realizou, espancar a esposa e maltratar animais é inaceitável. A humanidade com os animais está apenas emergindo da fase de balbuciar e destruir e um dia olhará para trás com embaraço e vergonha do sofrimento que causou por tão longo
tempo (BARNARD, 2000).

Com a negligência no que se refere à sensibilidade dos animais anda-se meio caminho até a indiferença a quanto se faça a seres humanos. (Ementário 1902 do STF - 03/06/97) (FALABICHO, 2001)


Existe uma relação entre crueldade com seres humanos e com animais?
Muitos assassinos em série começaram matando animais.

Pesquisas norte-americanas mostram que a crueldade animal pode ser sintoma de uma mente doentia.

Em 1998, Russell Weston entrou no Capitólio, puxou uma arma e começou a atirar ao redor. Quando terminou, dois policias estavam mortos e um visitante ferido. Poucas horas antes, Weston já havia atirado numa dúzia de gatos de rua alimentados por seu pai.

Ally Walker, estrela da televisão norte-americana, tem certeza de que os dois acontecimentos estão relacionados e que Russel não é um caso isolado. Em um documentário na TV, ela procura esclarecer que a violência contra animais muitas vezes antecede a violência contra pessoas. "Segundo dados do FBI, 80% dos assassinos começaram torturando animais", afirma Ally.

Relacionamos abaixo o nome dos criminosos, os crimes que cometeram e a crueldade anterior aos animais:
Albert de Salvo (O Estrangulador de Boston) - Assassinou 13 mulheres – Na juventude prendia cães e gatos em jaulas para depois atirar flechas neles
David R. Davis - Assassinou a esposa para receber o seguro - Matou dois poneys, jogava garrafas em gatinhos, caçava com métodos ilegais
Edward Kemperer - Matou os avós, a mãe e sete mulheres - Cortou dois gatos em pedacinhos
Henry L. Lucas - Matou a mãe, a companheira e um grande número de pessoas - Matava animais e fazia sexo com os cadáveres
Jack Bassenti - Estuprou e matou três mulheres - Quando sua cadela deu cria enterrou os filhotes vivos
Jeffrey Dahmer - Matou dezessete homens - Matava os animais deliberadamente com seu carro
Johnny Rieken - Assassino de Christina Nytsch e Ulrike Everts - Matava cães, gatos e outros animais quando tinha 11 ou 12 anos
Luke Woodham - Aos 16 anos esfaqueou a mãe e matou duas adolescentes - Incendiou seu próprio cachorro despejando um líquido inflamável na garganta e pondo fogo por fora e por dentro ao mesmo tempo
Michael Cartier - Matou Kristen Lardner com três tiros na cabeça – Aos quatro anos de idade puxou as pernas de um coelho até saírem da articulação e jogou um gatinho através de uma janela fechada
Peter Kurten (O Monstro de Düsseldorf) - Matou ou tentou matar mais de 50 homens, mulheres e crianças - Torturava cães e fazia sexo com eles, enquanto os matava
Randy Roth - Matou duas esposas e tentou matar a terceira - Passou um esmeril elétrico em um sapo e amarrou um gato ao motor de um carro
Richard A. Davis - Assassinou uma criança de doze anos - Incendiava gatos
Richard Speck - Matou oito mulheres - Jogava pássaros dentro do elevador
Richard W. Leonard - Matava com arco e flecha ou degolando - Quando criança a avó o forçava a matar e mutilar gatos com sua cria
Rolf Diesterweg - O assassino de Kim Kerkowe e Sylke Meyer - Na juventude matava lebres, gatos e outros animais
Theodore R. Bundy - Matou 33 mulheres - Presenciava o avô sendo cruel com os animais

Entretanto, mais assustadores ainda são os recentes tiroteios em diversos colégios dos Estados Unidos. Todos eles têm algo em comum: os adolescentes criminosos já se haviam destacado anteriormente por atos de violência contra animais. Encarregados da Proteção aos Animais estão cientes desta tendência.

Em São Francisco os funcionários já são orientados para reconhecerem o abuso infantil baseado na sua relação com o abuso animal. Segundo dados da Comissão de Combate ao Abuso Infantil, os moradores da cidade muitas vezes denunciam com maior rapidez o abuso contra animais porque são visíveis.

Segundo Ally Walker, "o abuso contra animais é um crime a ser levado a sério com conseqüências graves para todos". Em seu papel de apresentadora de TV a atriz espera ajudar a chamar a atenção da população para sinais precoces de comportamento assassino e, desta forma, salvar vidas – de animais e de pessoas.
(Fontes: PETA's Animal Times, inverno 1998/99 e The Cruelty Connection por Beverley Cuddy)

Matérias impressionantes…. está última é para se pensar e muito.... preste atenção no comportamento de seu filho pequeno em relação aos animais, pois pode se tornar um adulto desestruturado e isso é muito sério... não é brincadeira! Cada vez mais acredito na irracionalidade e doença dos seres humanos e na superioridade dos animais... deveríamos aprender com eles sobre respeito, amor e bondade.... chega de crueldade!

Abraços felinos.


Esta coluna é atualizada todas às segundas-feiras