"Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode conhecer a alegria e o amor."
Pitágoras
Olá Queridos leitores,
Nesta segunda venho falar no assunto da semana — ataques de cães. Coloco essa matéria do Globo pra ilustrar o que aconteceu, caso vocês não tenham sabido. Porque milhares de pessoas tem animais de estimação e não são atacadas por eles? Será que um cão é tão diferente do outro, na sua personalidade? Ou será o tratamento e a educação que são diferentes? Concordo que o cão seja um animal irracional e que às vezes não podemos prever sua reação, mas será que nossas próprias reações são sempre previsíveis? Ou a do nosso namorado, amigo, vizinho, etc. Considero algumas totalmente irracionais e inexplicáveis, aliás muito mais inesperadas do que as do meu cachorro... Não estou com isso querendo defender ou atacar ninguém, quero, nesse caso, ser imparcial... não sei se os cães eram maltratados, não sei se a senhora morta fez algo contra eles, realmente não sei e ninguém mais sabe... só quem sabe o final desta estória, o desfecho é a vítima, ou as “vítimas” - uma não está mais aqui e os outros não falam a nossa língua.... só sei de uma coisa - que os animais não são culpados, nem inocentes e que não acredito na agressividade gratuita do animal e sim no ataque para se defender ou para saciar sua fome.
Por isso, vamos rezar para que essa senhora descanse em paz e que os cães não sejam crucificados pelo que aconteceu... não tentemos achar culpados, aqui só tem lugar para vítimas! E não importa a raça, o que vale é o amor e o limite que damos, não só para nossos animais de estimação mas para nossos filhos... só assim podemos fazer um mundo melhor... dosando a relação entre amor e limite!
Abraços de paz
Perigo de estimação
Cristiane de Cássia e Luiz Ernesto Magalhães
Pelo menos dez pessoas são atendidas em média por dia nas emergências de hospitais públicos do Rio, vítimas de ataques de cães como os que aconteceram anteontem em Laranjeiras, onde a aposentada Maria da Glória Gaspar, de 77 anos, foi morta, e na Barra, bairro onde a comerciante Verônica Ferreira Pereira, de 30 anos, foi gravemente ferida. A estimativa é do médico Paulo Roberto Marçal Alves, ex-diretor dos hospitais Lourenço Jorge e Souza Aguiar, que também já coordenou na rede pública serviços de controle da transmissão da raiva animal. O total de ataques, porém, ainda é maior, pois os dados não levam em conta os atendimentos em postos de saúde, onde são socorridas vítimas de pequenas lesões.
— Nas emergências chegam apenas os casos de média e alta complexidade. Em muitos casos, o atendimento exige a presença de cirurgiões plásticos para reconstituição de partes do corpo dilaceradas — explicou Paulo Marçal.
O médico acrescentou que o perfil do ataque costuma variar conforme a faixa etária da vítima. Crianças, por exemplo, costumam ser mordidas no rosto e na cabeça. Já adultos, nos troncos e membros. Mas os ferimentos podem atingir todo o corpo, caso a vítima sofra uma queda.
Nas praias, ataque a cada 15 dias
O comandante das Unidades Especializadas do Corpo de Bombeiros, coronel Marco Aurélio Silva, diz que os ataques são mais freqüentes em favelas e na Zona Oeste, onde é mais comum cães serem criados soltos. Mas há problemas também na orla da Zona Sul:
— Em média, a cada 15 dias, registramos um ataque de cães nas praias — disse ele.
Devido à sucessão de ataques, especialistas alertam que existem regras a serem seguidas no contato diário do proprietário com seus animais. A zootecnista e médica-veterinária Cristianne Moll, especializada em comportamento animal, destaca que o risco de avanços é menor se o cão for mantido bem alimentado e não receber castigos físicos. Cães de grande porte ou em grande número criados em imóveis pequenos têm chance de sofrer maior estresse.
Cristianne ressalva que nem todas as mordidas são indícios de que a intenção dos animais é atacar:
— Se uma pessoa desmaia, por exemplo, o cão pode acabar mordendo-a como uma tentativa de reanimá-la. No caso de pessoas idosas, isto pode provocar lesões mais graves. Como elas têm uma pele menos elástica, há o risco de se sofrer hemorragias mais intensas.
Já a veterinária Mariangela Freitas destaca que a presença de uma cadela com sete filhotes junto a outros oito cães num espaço pequeno pode ter contribuído para o ataque a Maria da Glória. Segundo ela, a cadela, por instinto, quer proteger os filhotes de outros animais, o que eleva o estresse no ambiente em que estão:
— Cães que vivem confinados em locais pequenos e sem limpeza já estão em situação de estresse. Uma fêmea com seus filhotes em meio a um grupo de outros animais nestas condições é um agravante.
Segundo a veterinária, que preside a ONG Defensores dos Animais, fêmeas com filhotes precisam de isolamento. Quando a cadela confia no proprietário, até pode deixar uma pessoa pegar um filhote. Caso contrário, pode atacar qualquer um que se aproxime do ninho. Mariangela acrescenta que na maioria dos casos o cão conhece a pessoa que mordeu.
Os ataques de anteontem levaram a Suipa a receber o dobro de visitas à sua sede de pessoas que decidiram doar seus animais de estimação à ONG de proteção aos animais. Até o meio-dia, 20 bichos já tinham sido deixados na entidade, contra a média de dez registrada em feriados e fins de semana.
— Sempre que acontecem incidentes a entrega de animais de estimação chega a dobrar por alguns dias. Geralmente as pessoas sequer admitem que eram proprietárias dos cães; alegam os terem encontrado nas ruas. Mas percebemos, pela atenção que o animal dedica à pessoa, que não é verdade — disse Sidéia Almada Nascimento, supervisora do abrigo.
Entre os animais entregues ontem estava um doberman mestiço, rejeitado por um soldado do Corpo de Bombeiros. Na Suipa, o bombeiro alegou que temia pela integridade dos netos com os quais o animal já convivia há anos, sem incidentes.
Apesar do clima de apreensão, não foi difícil ontem observar em locais de grande circulação, como o Parque do Flamengo e a Lagoa Rodrigo de Freitas, a presença de cães sem guias e coleiras circulando entre as pessoas. A medida descumpre os artigos 36 e 37 do Decreto Municipal 20.225/91. Eles determinam ser obrigatório o uso de coleiras e guias em cães nas vias públicas, especialmente no calçadão ao longo da orla.
Fonte: http://oglobo.globo.com/jornal/rio/146844263.asp
Rio, 03 de novembro de 2004
Como evitar problemas
ALIMENTAÇÃO: Procure servir a comida em ambientes separados. A medida evita que os cães mais fortes roubem a ração dos de menor porte, deixando-os com fome. O intervalo entre as refeições varia por idade. Adultos (acima de um 1 ano e meio) podem comer uma vez ao dia; entre 12 e 18 meses, duas vezes; entre 6 e 12 meses, três vezes; já os que têm menos de 6 meses, quatro vezes ao dia.
BRIGAS: Especialistas divergem sobre a melhor conduta. Alguns veterinários recomendam que o melhor é deixar que os cães se enfrentem até se cansarem. A Suipa sugere que, em se tratando de animais de pequeno porte, eles sejam erguidos pelas patas traseiras para que se desequilibrem e larguem o oponente. No caso de cães de grande porte, pode-se jogar álcool no focinho para desorientá-los e, com isso, pararem de brigar.
FILHOTES: A fêmea costuma ficar inquieta quando dá cria. O recomendável é mantê-la isolada com seus filhotes dos demais cães da casa.
EXERCÍCIOS: Recomenda-se passeios diários com os animais para reduzir o nível de estresse. A distância ideal a percorrer varia de dois a cinco quilômetros, de acordo com o porte do cão.
Fonte: http://oglobo.globo.com/jornal/rio/146844264.asp
Rio, 03 de novembro de 2004
Dona de matilha nega maus-tratos
A radialista Mônica Sampaio, de 43 anos, filha da aposentada Maria da Glória Gaspar, negou ontem que os cães que mataram sua mãe fossem maltratados, como afirmaram vizinhos. Segundo Mônica, que mostrou cópias de certificados de vacinação, os cães eram alimentados duas vezes por dia e consumiam 180 quilos de ração por mês.
— Gostamos de animais. O que aconteceu foi uma fatalidade. Ela (a mãe) pode ter pisado no rabo de um deles ou esbarrado na fêmea que teve filhotes. Eles são dóceis e conviviam com meu filho de 8 anos e com meu neto de 2 — disse ela após o sepultamento de Maria da Glória, no Cemitério São João Batista.
Mônica participa de grupos de discussão na internet sobre posse responsável dos animais e já assinou manifestos da Suipa criticando maus-tratos de bichos. Pela internet, ela distribuiu em 16 de agosto uma mensagem oferecendo os nove filhotes a doação por não ter espaço.
Os cães foram levados para o Instituto Municipal de Medicina Veterinária na Mangueira, onde vão ficar dez dias em observação. A Suipa poderá adotá-los.
Vizinhos de Maria da Glória divergem sobre o tratamento dado aos cães. Enquanto alguns denunciam maus-tratos, outros asseguram que eles eram bem cuidados. Além de Mônica, o síndico do prédio, Carlos Matos, e outros dois vizinhos serão ouvidos esta semana na 9 DP (Catete).
A comerciante Verônica Ferreira Pereira, atacada anteontem por dois pitbulls na Ilha da Gigóia, na Barra, continua internada em observação. Segundo o diretor técnico da Clínica São Bernardo, Paulo Krull, ela está clinicamente bem, mas ainda depressiva devido ao choque. A dona dos cães, Alexandra Mendes de Carvalho, presa em flagrante por omissão na cautela e guarda dos animais e lesão corporal grave, foi levada ontem da 16 DP (Barra) para uma carceragem feminina da Polinter.
Abraços caninos.
Esta coluna é atualizada
todas às segundas-feiras