Olá queridos leitores, está coluna será breve, devido a problemas com meu computador, que numa certa manhã resolveu não responder aos meus chamados... fiquei muito triste, primeiro porque ficaria sem escrever neste espaço que amo tanto e depois porque, nos dias de hoje, sem os meus arquivos, sem contato com as pessoas que tanto amam os animais, me senti meio sem um braço, uma perna, etc.
Mas, graças a Deus, espero não ficar sem ele por muito tempo e continuar compartilhando com vocês as notícias sobre nossos amigos...
Espero que gostem do texto que escolhi e tomem cuidado com a notícia abaixo! Aproveitem...
Abraços caninos
O CÃO QUE NÃO TIVEMOS
José Renato M. de Almeida
Não era um cão de raça. Seu pelo amarelo era desbotado e seu tamanho, por si só, não chegava a amedrontar. Porém ele era ágil e selvagem, e em sua corrida tinha a vibração da plena liberdade. Parado parecia um cão qualquer e pouco chamava atenção.
Notei-o quando fomos caçar do outro lado da coroa de praia batida pelo Atlântico. Sua quietude estática, antes do tiro e a disparada célere com a queda do pássaro, era de vida. Voltava com a caça na boca, arrastando sobre a areia, depositava-a aos pés do caçador e volteava várias vezes incontido em sua alegria.
Chamavam-no de Lobo e seus bisavôs talvez fossem descendentes de antigas matilhas. Seu corpo quase magro tinha o porte firme. Era a companhia indispensável para um gostoso banho no mar, que chegava até próximo à nossa casa feita de tábuas, coberta de palha, apoiada em palafitas, para proteger do mar e dos pequenos animais que passavam por baixo dela.
Pulávamos os seis degraus de varas grossas e corríamos no rastro deixado pelas patas de Lobo sobre o areal que segurava o mar. Ele era exímio nadador, não parando um só instante na caça aos mariscos ou perseguindo sua própria sombra.
Nós nos afeiçoamos com grande rapidez e Lobo já fazia parte da turma.
Não sei quem teve a idéia de nós ficarmos com ele. Desde o momento que ouvi que ele viria conosco para a cidade depois das férias, senti-me estranhamente mais responsável. Ficamos mais sérios com ele, sentindo quase que obrigação de gostar dele. Não sei porque, mas algo ficou diferente entre nós. Já não havia a espontaneidade de amigo, mas sim o tratamento de dono.
No fim das férias, partimos daquela pequena aldeia na praia em uma lancha a motor, rumo à cidade de Bragança. No embarque, Lobo lutou para ficar. Pulou n'água quando o puseram a bordo, nadou e foi se aconchegar agitado nas pernas do seu verdadeiro dono - o pescador que possuía a casa onde nos hospedamos. Eram companheiros de pesca e de caça. Durante noite e dia, em longas pescas no alto mar, ele era sua única companhia. Lobo percorria como um equilibrista as bordas do barco a vela, ao balanço das ondas, enquanto seus olhos acompanhavam a corridas dos peixes sob as águas verdes.
Com um sorriso duro e triste, o pescador amarrou uma corda no seu pescoço levando-o à força de volta para a lancha. Depois de muita luta, deixou-se amarrar em uma trave próxima da proa. No desatracar da lancha, seus olhos desvairados percorriam, angustiados, toda a praia, numa última e inaudível súplica.
Até ajeitarmos nossas lembranças, para reiniciar a vida na cidade, uma lâmina de tristeza cortava em pedacinhos todas as alegrias que nos acompanhavam em pensamento. Era uma saudade que nos fazia estranhos a todos os amigos do colégio e da praça e, vez por outra, engasgava um soluço... E uma lágrima a mais brilhava nos olhos.
Fechados em nós, não ligávamos ao cão. E mesmo depois que voltamos ao antigo costume de passear na praça, ele não nos acompanhava, pois ainda era bravo com desconhecidos. Raras vezes tínhamos horas de algazarra com ele, como quando viu pela primeira vez sua imagem num grande espelho. Latia, rodopiava, grunhia, investia contra seu reflexo, até que todos viemos assistir e distraí-lo com brincadeiras.
Tinha notado que ele vinha há dias muito triste e achava chato quando o chamávamos para brincar e ele ia se enrolar num canto. Nem tentávamos mais... E Lobo percorria vagando a casa e o quintal, com o focinho rés o chão, em passos lentos.
Lembro que antes tivemos um cãozinho alegre que enchia a casa. Até o dia em que desapareceu sem que eu me lembre porque, deixando tristeza por todos os cantos.
Tinha o pelo preto e branco e o nome de Radar.
Agora, a presença de um cão enorme, trazia consigo um grande vazio na tristeza dos seus olhos. Cada vez menos o víamos, sempre enrolado em si mesmo debaixo de um móvel. Já nem saltava e corria quando os pássaros passavam em bandos enfeitando o céu, toda manhã e à tardinha, quando voltavam rumo às praias de onde Lobo viera.
Era uma manhã silenciosa e sombria. O sol ainda se cobria de nuvens baixas lá no horizonte. Eu desci sonolento para o quintal, ainda envolto em sombras e orvalho. Lobo jazia inerte, de bruços sobre a terra escura, próximo a uma vala onde empoçava a água servida da cozinha e da chuva. Seu focinho permanecia mergulhado na poça que refletia o céu, como numa tentativa de alcançá-lo. Seus olhos abertos, sem brilho, olhavam um ponto muito longe daquele quintal. Seu pelo cobria o chão de amarelo e o seu corpo imóvel descansava em paz.
Em uma poça de água lobo havia achado um meio de se libertar. Talvez a única maneira que seu instinto lhe mostrou para voltar aos imensos lençóis de areia branca onde livres, ele e o vento, corriam juntos.
Neste dia, os pássaros com a algazarra de seus cantos vieram mais tarde que de costume... E no céu, cada bando que passava desenhava com o colorido de suas penas novos arcos, cruzes e setas no imenso azul... Vermelho dos guarás, branco das garças, preto dos patos d´água... Lobo agora podia ir com eles.
Agora, ainda vejo Lobo coberto de sol que se reflete na areia fina, correndo veloz em um rastro de nuvem branca levantada pelas suas patas. Elegante, altivo e ligeiro, vai sumindo em um ponto onde a vista não alcança, mas a lembrança ainda consegue ir lá.
Notícia interessante:
Hamburguer e fritas teriam matado presidente do McDonald's
Quinta, 20 de Janeiro de 2005, 7h30
Fonte: INVERTIA
A agência de notícias chinesa Xinhua, estatal, distribui esta semana uma reportagem em que insinua haver ligação entre as mortes de dois ex-presidentes do McDonald's e o consumo exagerado dos lanches da própria rede de fast-food.
Charlie Bell morreu no último dia 17, de câncer colo-retal, com apenas 44 anos. Seu antecessor na direção da rede de lanchonetes, James Cantalupo, teve um ataque cardíaco e morreu em abril do ano passado, aos 60 anos, quando ainda exercia o cargo (já doente, Bell renunciou em novembro).
A Xinhua afirma que Bell era um entusiasta dos produtos do McDonald's: começou a trabalhar na empresa aos 15 anos e era capaz de comer hambúrgueres no café da manhã. Por isso, segundo a agência, pode haver uma ligação entre o tipo de câncer que o matou e sua alimentação.
O risco de contrair o câncer colo-retal - que em 2005 deve afetar cerca de 131 mil norte-americanos - está diretamente ligado ao consumo de carnes e gorduras, ambas muito presentes no cardápio da lanchonete. Já as fibras, que ajudam a prevenir a doença, são raras na lanchonete.
Quanto a Cantalupo, gorduras em excesso poderiam estar por trás do problema cardíaco que o matou.
A rede McDonald's tem cerca de 600 lojas na China, e planeja uma expansão de cerca de 120 unidades a cada ano. Por sua vez, sempre que possível a agência Xinhua publica notícias com algum tipo de "alfinetada" nos Estados Unidos.
Esta coluna é atualizada
todas às segundas-feiras