Sr. Beethoven Degobbi Tórtoro
(27/01/1999 + 10/02/2009 )

Faleceu na manhã de terça-feira, em Ribeirão Preto, um cão especial, Beethoven Degobbi Tórtoro, que contava com vasto círculo de carinho, amor e amizade incondicionais.
O extinto contava com 70 anos de idade (10 anos caninos). Era solteiro, virgem, festivo, adorava roer ossos, carne de frango, doces, dormir debaixo da cama, latir para os gatos e para gente que passava pela rua, além de ficar aos meus pés, atrás do computador, enquanto eu escrevia meus artigos
Filho de Antônio Carlos e Lúcia, irmão franciscano de Rodrigo, teve seu corpo inerte, entregue ao veterinário, Dr Mussi, para que seu cadáver tivesse um destino tão dignificante quanto foi a sua vida.
Adeus caro amigo “Bê”: até nunca mais.
 
BEETHOVEN DEGOBBI TÓRTORO

“Quando a lua estiver na sétima casa e Júpiter se alinhar com Marte, a paz guiará os planetas e o amor varrerá as estrelas” .
Música “Aquarius” 

O meu companheiro inseparável, Beethoven, partiu rumo ao céu dos caninos quatro dias antes do dia dedicado a São Valentim, nos Estados Unidos, quando a lua em Libra entrará na sétima casa de relacionamentos, e quando Júpiter e Marte estarão alinhados no signo de Aquarius, na décima segunda casa da transformação espiritual.

Tricolor como toda a família, em sua pelagem grossa e espessa, recebia um ossinho diário, mas só ia roê-lo quando eu chegava do trabalho e ele me sorria latindo.

Dez de fevereiro, em minha agenda pessoal, passa agora a ter uma anotação: morreu o “Bê” em 2009.

O corpo inerte do meu cão, envolto em toalha branca, leva consigo uma história de dez anos repleta de latidos festivos, lambidas homéricas, olhares coniventes, e, nos últimos tempos, um ronronar tranquilo, característico da velhice, embaixo da cama: refúgio preferido, depois de ficar atrás do meu computador enquanto eu escrevia meus artigos.

Alarme sensível, ninguém se aproximava do portão sem que ele saísse como um tiro, rasgando o espaço do quarto até a sala, em uma tremenda algazarra.

Com sua incontinência urinária, transformaria tudo em ferrugem não fosse o trabalho constante de envolver com um bom plástico os pés de geladeira, fogão, mesas, cadeiras, portas.

Ao pé da mesa, nos momentos de refeição familiar, adorava dividir conosco a carne de frango e os doces.

À noite, debaixo da cama, sentia-se tremendamente agredido se tentássemos observá-lo levantando o lençol: rosnava e latia indignado.

De madrugada, qualquer ruído de gatos no telhado colocavam o “Bê” em estado de alerta, pulando e latindo diante da porta fechada, surdo às advertências de minha esposa para que parasse de latir e voltasse a dormir.

Em casa de fotógrafos que somos minha esposa, meu filho e eu, o “Bê” não gostava de flashes e cliques: fugia das lentes como se fôssemos paparazzi.

Beethoven Degobbi Tórtoro, cão da pura raça TL, membro inesquecível da família Tórtoro, passou mal durante a noite de segunda para terça-feira e se foi para sempre por volta das 9 horas e trinta minutos de uma manhã ensolarada de verão: não houve tempo sequer para utilização do seu plano de saúde ou consulta com veterinário.

Inerte, caído na porta da cozinha, acariciei seu pelo, cocei suas orelhas, dei-lhe uns tapinhas na traseira, puxei seu rabo: mas não tive resposta alguma, nem mesmo uma rápida lambida ou olhar carinhoso.

Chorei, chorei muito, chorei como se chora quando se perde um grande amigo. Minh'alma e meu coração ainda vão chorar de mansinho, e em silêncio, durante muito tempo: a cada volta para casa sem um latido para me receber, a cada manhã sem uma lambida nos pés antes que as meias sejam colocadas, a cada artigo que começarei escrever sem ouvir o roer de um osso atrás do computador.

Enfim o meu cão não era Maior e nem Menor, mas foi uma constelação de alegria que varreu de amor e paz a minha existência.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO