APARIÇÃO DE SACHA

             (para Kilda Gullo e Kátia Bento)

     Bichinho do mato
     parido entre penas
     de perus & parvos.

     Quede a mãe-cadela,
     qualquer mãe, que é dela:
     é uma porca, ou pata?

     Cheio de mazelas.
     Verminoso ventre.
     Pêlo sujo, ralo.

     Pardieiro de sarna.
     Por alcoviveiras,
     pulgas... Desbaratos.

     Você é ele ou ela?
     Olhos de remela
     bernem sob as pálpebras.

     É uma cadelinha!
     Pinguela de medo:
     garras de alfinete

     pontilhando ao tato.
     É uma moura torta!
     É uma borralheira!

     É um lótus do charco.
     Ventoinha mau cheiro
     do próprio espinheiro

     brotoejando chagas.
     Há de ser formosa
     de per si: perfeita!

     Bela adormecência
     sob a côdea e a cauda.
     Ergue-se, traseira.

     Falta-lhe traquejo:
     dôo-lhe meus dedos,
     tetas da minh'alma.

                                                   Maria do Carmo Ferreira

Do livro: "Jogos Florais & Animais" (livro infantil de poemas,  inédito, mas registrado)

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