Estou em dúvida: não sei se saio de Rita, de mulher de Atenas, ou se me visto apenas de teu amor. De Teresinha não dá: como sair sozinha neste bloco composto de três amores? Acho que vou de Mentira: vou sambando, mudando de calçada, rindo de todo possível novo - pequeno ou grande – amor, pois, afinal, o que importa a dimensão se a dor que sobra é sempre parecida, independente do tamanho?
De Carolina já despi a fantasia e as ilusões. Também já não me enxergo o vulto refletido nas vitrines das ruas abandonadas e vazias do centro perdido do Rio. Caminho ruas escuras, noites sujas e paro em frente ao teatro. Vejo-te num enorme cartaz: ÓPERA DO MALANDRO. Curuminha não cabe mais no ventre que a pariu: da menina restou, apenas, a saudade do pai que partiu. E se puserem a mãe no meio? Coloco no meio da mão? Barriga da miséria ninguém quer ver! Então me fantasiar de quê?
Sem compromisso, te dispo a roupa de pai João; sem par, te rodopio, no meio da Praça, gritando o meu amor. Hoje estou de lascar, estou te doer e não quero me aborrecer. A casa está bonita e esta dona aqui quer ficar demais. Saudades da visita, dos cabides trêmulos sentados no chão sobre a brasa dos corpos no tapete. Teu carnaval será meu par. Mulher virando coração, sofá tomando a condução. Sem cerimônia, expulso a vergonha dos pratos quebrados na solidão. Preciso dormir, pois cansei de consumar meus tempos verbais em falsos carnavais. Varri em migalhas todo o sentimento guardado no suburbano coração. Já é madrugada e não me falas de amor. Estou enfeitiçada. Acorda, geme de preguiça e de pavor, dispensa essa vadia, pois estou subindo a escada.
Resolvi: vou de Geni! Por favor, jogue apenas flores, quando me vir passando na avenida e não rasga a fita do Bonfim, pois ela não me valeu.
Se a guerra for declarada em pleno domingo de Carnaval, verás que essa filha não foge à luta: de colombina melindrosa, te cobrirei de beijos, meu general da banda, ao som da marcha de um samba em Berlim. Afinal, quem pode me culpar? Tu mesmo disseste que não existe pecado do lado de baixo do Equador!
Acho que vou mesmo é de Carmem Miranda, antes que desfile a tua banda e eu não seja a cabrocha mais bonita ou a tua bailarina passista. Não quero ser mais uma colombina arrependida, ouvindo ao longe um realejo tupiniquim ou alguém batucando Angélica no tamborim. Quimera! Continuo na janela, Januária a te esperar, pois sei que vais passar!
"...Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral..."
Thaty Marcondes