PELE NUANa ânsia com que beijas as íris da minha
pele, fez-se o odor corporal em teu poema,
ampliando cromatismo de luz, enlaçando-me
continuamente em tua concha, perpetuando !****
Dos lábios, libertos mistérios, suave sinfonia
calada de orquídeas nuas, fez-se sonho!
Por transparente organdi, róseos mamilos,
sem perder encanto, teces tua língua morna!****
Quando nua, sou única, deito-me na lua!
A pele, terra fértil, você o grão, engravido,
nos polos da tua-minha poesia , sou pura!****
Foi quando à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele.
Sendo eu mulher,muito mulher,
confesso (e me penitencio,se é mister),
que não nasci para ser pobre!
Está no meu feitio desejar que a existência
se desdobre na magnificência, jamais
em privações.
.
Tenho gostos, requintes de caprichos,
ambições, e, sem razão,
não nego aos meus
sentidos, os gozos com que a Vida me agracia,
enaltecendo a dor apenas em teoria!
Porem, nada possuo em realidade!
Nem fausto, nem poder...
Porque, para seguir um velho ditado,
do Grande Livro, Santo e Consagrado,
o meu despotismo deve ser restrito,
e pertence, inda assim, ao meu Amado!
Em meio ao destino que me impõe,
entretanto, eu duvido, haver outra
mulher a quem Cupido generoso Ofertasse
um lindo trono, com mais magnificência
do que
o meu,onde governo só, como a depositaria
de um tesouro de Amor, que tocou o apogeu!
E, por muito que conte e reconte,
meu Capital de multimilionária,
eu nunca chego ao fim, porquanto de
uma fonte fecunda e inexorável se origina.
Cresce dentro de mim esta riqueza ilimitada,
sólida e genuína, que me empresta
atitudes de
Princesa! E, entre as Fortunas de que tomo
a nota, a minha é que mais vale e mais
ressalta,
pois dos meus bens a renda não se esgota!
Efigênia Mallemont