Uma sopa com poesia
engana qualquer caloria.
Nada mais é importante
se a receita for escrita
de forma bem elegante.
Tendo ouvido assim dizer,
enchi-me outra vez de esperança!
Quem sabe enfim lograria
minhas pazes com a balança?
Catei a inspiração
que pude
para começar a lide:
Primeiro, os ingredientes -
rimados, evidentemente:
água, claro, salsa e cebolinha;
alfavaca (senão, serve
manjericão);
rodelas de paio e lingüicinha;
um bocado de almeirão;
batata, cenoura,
alho e cebola;
tomate, quantum satis;
beterraba e, do agrião,
as hastes;
azeite de oliva dos bons,
toucinho de fumeiro,
um pouquinho de estragão.
Ah, juntemos milho e ervilha!
Por que não?
Lave bem, pique,
leve ao fogo, refogue,
acrescente, reserve.
Em qualquer dessas ações
qualquer objeto direto
serve.
E não é que funciona?!
A balança,
amarga imperatriz,
ri com ar de desprezo.
Mas a escriba está feliz:
sua alma perdeu peso! |
|