NOSSOS PRATOS PREDILETOS
Certo
dia, vi um anúncio no jornal "Dou gatuchos ruivos". Ao ligar, fui
informada de que não havia mais. Frente à minha decepção,
meu namorado achou um outro anúncio (meio sem graça) e foi
com minha sobrinha pegá-los. Adotamos dois irmãos, daqueles
bem vira-latas e raquíticos. Os dois tinham, inclusive, os rabos
quebrados, em zig-zag. Um preto, outro amarelo. Chamei-os Feijão
e Macarrão. Feijão era ágil, com olhos verdes, bem
típicos de felino. Macarrão era lento, frágil e tinha
olhos azuis muito redondos, de anjo. Macarrão ficou com meu sobrinho
de 6 anos, que dizia que seu gatinho tinha uma carinha meiga, "de dúvida".
Feijão ficou um tempo comigo, mas depois levei-o para morar com
Macarrão, pois teria mais espaço e liberdade. Infelizmente,
Macarrão — que aceitava qualquer coisa das crianças e do
cachorro da casa, o Brandy — acabou sendo pego por cachorros do vizinho.
Foi um momento muito triste para toda a família, inclusive para
Feijão, que se salvou. Mas parecia que o jeito dele anunciava algo
assim. Feijão está conosco até hoje. O gato esperto,
que não deixava Brandy sequer se aproximar, é agora
muito mole - literalmente, fisicamente muito mais mole que os outros gatos
— fruto de conviver com crianças, eu acho. Adora ser pego por meu
sobrinho, que o pega de todas as maneiras e em todas as posições
possíveis, e levar mordidelas de Brandy, sem nem acordar. Parece
que assumiu um pouco a personalidade de Macarrão, sem perder a sua:
também é caçador e namorador. É um lindo gato
preto, com pelo brilhante e olhos verde-amarelados profundos. E com seu
pequeno rabo em zig-zag.