Não ama a lua, nem telhado
a velho estilo.
De uma rica almofada entre os
suaves refolhos,
prefere ronronar, em gracioso
cochilo,
vendo tudo através a
cor verde dos olhos.
Poderia ser mau, fosforescente
espanto,
pequenino terror dos pássaros;
no entanto,
se fez um professor de silêncio
e virtude.
Gato que sonha assim, se algum
dia o entenderdes,
vereis quanto é feliz
uma alma que se ilude,
e olha a vida através
a cor de uns olhos verdes.
Cassiano Ricardo