Poeminha de louvor ao pior inimigo do cão
Gato manso, branco,
Vadia pela casa,
Sensual, silencioso, sem função.
Gato raro, amarelado,
Feroz se o irritam,
Suficiente na caça à
alimentação.
Gato preto, pressago,
Surgindo inesperado
Das esquinas da superstição.
Cai o sol sobre o mar.
E nas sombras de mais uma noite,
Enquanto no céu os aviões
Acendem experimentalmente suas
luzes verde-vermelho-verde,
Terminam as diferenças
raciais.
Da janela da tarde olho os banhistas
tardos
Enquanto, junto ao muro do quintal,
Os gatos todos vão ficando
pardos.
Millôr Fernandes
Caminho de envio: Silvana Guimarães para Cida Sousa, que repassou para Leila