A gata
A gata é esmirradinha.
Que feiosa, essa gata!
A gata não tem nome?
Acho que errou de casa...

Ou ela ou eu! - A gata.
Por uma vira-lata
ainda preta por cima
você me dá o fora?

A gata cresce sadia.
Branca de peito e patas.
Faz ninho no meu seio,
dormindo escancarada.

O apartamento fica
num décimo-sexto andar.
A gata vai que brinca,
sem rede, de pular

de uma janela a outra.
Meu coração dispara.
Por fora, catatônica:
fechar janelas, portas.

É tempo de vacina.
Que nome vai lhe dar?
Ninguém pensara ainda.
A gata... a gata... Ágata!

Pra mim, mais preciosa
quando me fixa o olhar
de ágata, e rabisca
dois traços de ouro, no ar.

De um salto abriu a porta
torcendo a maçaneta.
Ágata, você me mata!
Misto de horror/surpresa.

Ágata entrou no cio.
Joga-se nas paredes.
Grita, eu perco o juízo.
Castrá-la, com certeza.

Ágata ora é senhora
perdida em devaneios.
Entre as grades de nylon
sonha sonhos certeiros.

E não é que a empregada
trouxe-lhe de visita
o gato de sua nora
só pra lhe fazer finta?

Foram-se gato e gata
morar nos arrabaldes
à sombra da mangueira
e, à noite, no telhado,

entre luaus, miaus
como dois namorados.
Dormir, dormem em casa,
sobre a mesma almofada.

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Faz agora 2 lustros
que me deixou, sem pejo.
E ainda vive com o Túlio
seu grande amor primeiro.

                                                Maria do Carmo Ferreira


Leilagatos