Janjo

Janjo, meu príncipe,
Por que me abandonaste?
Sei que não foi culpa tua, nem, nem nunca.
Você foi meu primeiro gato
Lindos olhos azuis na vitrine.
E que comportamento! Um gentleman.
Andar majestoso,
Olhos de ágata azul
Só, só me proporcionou prazer e encanto.
Nenhuma personalidade humana chegou aos teus pés, nem de longe.
Animal estelar
Sábio, rico, belo, nobre, rei.
Mas o destino me to levou ainda muito jovem.
Tu não fizeste um gesto ou som de reclamação.
Apenas eras ti mesmo o tempo todo.

É difícil para os leigos entender isso.
Por que tal luto por um gato????
Lamento a ignorância alheia
De quem não teve o privilégio
De conviver contigo por um ano e quatro meses
E poder ver outras nebulosas.
Ângulo é pouco.

Tu, meu amor, meu amigo para sempre
Pois a diferença entre nós é que tu és mais nobre,
Nos encontraremos num outro tempo-espaço
Onde poderei novamente ver teus olhos, tua sabedoria,
Tua extrema generosidade,
Tua delicadeza.
Tu não morreste.

                                 Rosangela Alvarenga


Leilagatos