O exercício das pequenas delicadezas - a história do troféu
Liane dos Santos
A ideia do troféu O exercício das pequenas delicadezas surgiu logo após o lançamento do livro no Bar Bracarense, em março de 2004, numa chuvosa noite de segunda-feira.
O pré-lançamento acontecera na semana anterior na AABB-Lagoa com o amigo Julio Alt e o grupo musical Telhado Branco, numa noite bastante concorrida. Entre os presentes estava Gladys Pires, moradora de Ipanema e assídua frequentadora do local, apesar da dificuldade para caminhar — o que lhe exigia sempre a ajuda de uma acompanhante.
Por isso foi surpresa encontrá-las novamente quando cheguei ao Bracarense naquela segunda-feira. Cumprimentei-as rapidamente e fui tratar dos arranjos para o lançamento, pois as mesas do bar ficam todas na calçada, protegidas apenas por um toldo, e a chuva, apesar de fina, persistia.
Felizmente, aos poucos, os amigos foram chegando e lotando o local. E foi quando uma pequena fila se formara que Gladys se aproximou e me disse baixinho: — “Vou indo; já tem bastante gente. Vim pra fazer número porque tava chovendo e podia vir pouca gente”.
Fiquei tocada com aquela delicadeza e senti que atitudes e gestos como esses merecem ser divulgados e lembrados sempre. Então pensei em criar, por mais singelo que fosse, um símbolo para isso. No Saara, no centro da cidade, encontrei o que procurava: um troféu de Honra ao Mérito medindo uns 20 cm de altura, custando em torno de R$ 15,00, onde mandei gravar, sugestivamente, o título do livro e o ano.
A primeira pessoa a recebê-lo foi a Gladys Pires (infelizmente já falecida), e depois a cada ano um nome surgiu naturalmente. Bacana que esse troféu nunca será objeto de inveja ou disputa (talvez seus ganhadores até prefiram não exibi-lo) pois nenhum comportamento maduro mudará pelo fato de recebê-lo ou não. Ele é apenas uma carinhosa lembrança de que gestos de delicadeza podem ser como diamantes: para sempre.
Relação dos agraciados:
2004 – Gladys Pires / 2005 – Leila Míccolis (poeta; pesquisadora; editora) / 2006 – Cecilia Pessoa (companheira de estudo bíblico; voluntária da ONG Saúde-Criança) / 2007 – Roberto Eppinghaus (professor; criador da Associação do Elogio Recíproco) / 2008 – Hiléia Cunha (irmã de alma) / 2009 - Kryka Pujol (fotógrafa; produtora cultural) / 2010 – Maria Helena de Souza Oliveira (a gratidão pela vida demonstrada nos menores gestos) / 2011 – João Paulo Kahl (professor de Letras Clássicas, meu mestre para dúvidas em grego, latim e português) / 2012 – Délio e Marcia Couto (padrinhos morais do livro; mereciam este troféu desde o início).