"Poesia.br", peça de Leila Míccolis

"Poesia.br." retrata o conflito de gerações e a mudança de costumes através da poesia brasileira, apresentada em dois bares: o "Bar Bilac", de comportamento convencional/tradicionalista, e o "Poesia.br", um cybercafé, com as  mais ousadas tendências contemporâneas. Em uma hora e vinte de espetáculo, musas, internautas, vates, performáticos, românticos e pós-modernos  convivem entre si. Os poetas mortos estão representados por: Casimiro de Abreu, Castro Alves e Olavo Bilac; os contemporâneos, por Douglas Mondo, Leila Míccolis e Urhacy Faustino, além da participação especial de: Alexandre Barros Castro, Frô e Rosy Feros.  Na harpa céltica, Ana Míccolis. No elenco, Urhacy Faustino e a Cia. Teatro Ballet Oficina, de Jundiaí, sob a direção do consagrado Jo Martin..

Na Avenida 2001 localizam-se dois bares: o Bar Bilac e o Poesia.br. O dono do primeiro, Olavo, está sempre acompanhado de sua musa Amélia; Vinícius (nick de Mário) é o dono do outro bar. Sua  "gata" é a Gilka. O nome dos personagens já remetem a claros referenciais: Olavo Bilac, Amélia (que além de ser “a mulher de verdade” do cancioneiro popular, ainda foi a eterna e noiva de Bilac, Amélia de Oliveira, fonte principal de sua inspiração), Vinícius de Moares e  Mário, lembrando os modernistas Andrade e Quintana, além de Gilka Machado.

No primeiro bar, a freguesia está cada vez mais escassa e Olavo adota uma atitude saudosista, da qual compartilha a submissa Amélia, sempre concordando com seu poeta. Eles receberem com certo descaso a notícia da inauguração de outro bar ao lado: moderno, com diversos tipos de manifestações poéticas, inclusive a virtual, pois crêem que o novo estabelecimento não dura aberto nem uma semana:  se a “boa poesia” não tem público, essas "invencionices" então não enganarão ninguém.

No entanto, ao contrário das previsões, o Poesia.br é inaugurado com  muito sucesso, tendo inclusive o apoio da mídia, que o elege "o bar da moda". Depois de algum tempo convivendo lado a lado, surge o inevitável confronto entre Olavo e Vinicius, explodindo o conflito geração/tendências literárias pelos contrastes de comportamento entre os dois. Vinicius recrimina a rigidez de Olavo, que, por sua vez, acusa Vinícius de promover uma poesia fria, tecnológica, "deturpando o belo". Amélia e Gilka também se desentendem, pelo diferente conceito de feminilidade vivenciado por cada uma. A discussão é pontilhada por poemas, através dos quais se percebe, claramente, a mudança de costumes e ideais, desde o romantiismo até os nossos dias. O “golpe fatal” para Olavo vem inesperadamente através da harpista, que informa ter sido convidada para tocar no cybercafé, e ter aceito a proposta. Desiludido, Olavo resolve registrar a falência — sua e da arte contemporânea —, promovendo um ato público de protesto através do enterro simbólico da poesia.

Qual será a reação dos freqüentadores do "Poesia.br": violenta? assustada? amedrontada? zombeteira? revanchista? Conheça o desfecho no dia 31 de março, na sede do Clube de Campo do Clube Jundiaiense. Venha divertir-se e emocionar-se com este espetáculo, uma carinhosa homenagem à poesia brasileira.