p    o    e    m    a    s


Era musa
parecia ser Anjo,
Era musa.

 

O poema rápido
tão rápido
que se diria alado
Comando da mão e da poesia.
O coração tecendo
versos amores
luzes fugidias
lembranças vãs
e dorme fêmease manhãs.

Onde o Desejado?

Nem capas
nem asas
apenas a rua
noturna de silêncios
ervas e animais em sonhos.

Quer arroubos, o poeta!

Naquela tarde de maio
(ou era junho?)
o Anjo
água escorrendo natural e pura
postou-se à minha frente
sorrindo.
E ninguém me ouviria
mesmo se eu gritasse.

Postado estava
e lá ficou.
Contumaz
mudo
paralelo
lentamente perfurando
as rosas
e os muros.

Afinal,
há que se suportar
essas revelações
sucumbir diante da Beleza
e sequer saber
quem nos visita.

Face a face
o horror se esvai
não o Anjo
e seu poder demente
clemente.
Em meio às sombras
quatro cavalos erguem os cascos
detendo a memória
e os traços.

A alma
alheia aos encantos
calados
ausentes
recusados
persiste
como persistem
o coração
e suas parábolas.

 

Neide Archanjo

v  o  l  t  a  r
e s c r e v a  - m e