Coluna de 28/9
(próxima coluna: 14/10)

Praga, a cidade da arquitetura e cenografia teatral

Sabemos que de 7 a 27 de junho a cada quatro anos, no Palácio Industrial, em Praga, Tchecoslováquia, acontece a IX Quadrienal de Cenografia e Arquitetura Teatral. É uma exibição única no gênero, de carácter mundial, reunindo as artes cenográficas por completo.

Nascida em 1967, a Quadrienal já teve oito edições reunindo os melhores talentos dos mais variados países participantes. Não importa o tamanho do país ou seus recursos financeiros para a participação. O júri é composto por críticos e cenógrafos, figurinistas e outros profissionais exigentes, sempre buscando a maior criatividade, a inovação e a paixão pela arte.

O evento se divide em seções que abrangem cenografia, figurino, arquitetura teatral, escolas de cenografia e publicações, sendo as três primeiras competitivas. O prêmio máximo é a Golden Triga, e em seguida vem a Gold Medal, uma para cada categoria. Há também premiação para a melhor exposição temática.

Este ano o Brasil participa com o apoio da Funarte. Estará presente na Seção Temática com a mostra Homage to scenography, na área de Exposições Nacionais com cenários e figurinos de seis artistas, e também em Arquitetura Teatral, Escolas de Cenografia e Publicações. Ao todo o Brasil ocupará mais de duzentos metros quadrados mostrando o talento de seus artistas e o trabalho de instituições educativas e/ou mantenedoras da arte cenográfica. Um número interessante para um país que já obteve seus reconhecidos dias de glória neste evento.

Em 1967, o Brasil ganhou a Gold Medal na área de arquitetura teatral, com Fábio Penteado. Em 1971 ganhou novamente a Gold Medal, desta vez em cenografia, com o trabalho de Hélio Eichbauer. Em 1987 obteve a Menção Honrosa pelo conjunto de obras de Gianni Ratto (Cyrano de Bergerac), J.C. Serroni (Nostradamus, Xandú Quaresma e Morte Acidental de um Anarquista) e Daniela Thomas (Carmem com Filtro). E finalmente em 1995 recebeu o prêmio máximo Golden Triga pelo conjunto de obras de José de Anchieta (A Comédia dos Erros), J.C. Serroni (Gilgamesh e Kean) e Daniela Thomas (Bonita Lampião e Fausto). Esta mesma exposição vencedora apresentou-se depois no SESC Pompéia, em São Paulo, e seguiu mundo afora para Lisboa, New York, Stuttgart e Tóquio.

A cenografia brasileira venceu na última Quadrienal por combinar muito bem a sofisticação com a habilidade de realização que, na maioria das vezes, não conta com os recursos ideais mas inventa e faz. A linguagem não se torna repetitiva e previsível. Se é clean ou barroco, se há excessos ou não... O espetáculo comporta? Esta é a questão. Mestres como Santa Rosa, Flávio Império, Gianni Ratto e Lina Bo Bardi estão na origem desta inventividade.

As outras Golden Triga foram para os seguintes países: França (1967), Alemanha (1971), União Soviética (1975), Grã-Bretanha (1979), EUA (1987) e Grã-Bretanha (1991). Na nona edição da Quadrienal de Praga, a última do milênio, ocorrerão exposições vindas do Japão, Cuba, Ioguslávia, França, Bélgica, Canadá, Chile, Argentina, Nova Zelândia, México, Coréia, Portugal, Grã-Bretanha, Venezuela, Rússia, Egito, Austrália, Tchecoslováquia, Brasil, entre outros.

Como podemos ver, o Brasil tem um teatro completamente antenado. E bastante afinado com os melhores países mestres nessa arte, de contracenar para contar uma história. Principalmente na sua linguagem estética. Geralmente bem orquestrada por diretores competentes. Agora vamos aguardar qual será a nossa participação brasileira na próxima quadrienal.

Para saber mais, o livro catálogo da exposição: ‘Cenografia um novo olhar' – Sesc Pompéia, São Paulo