Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  fevereiro de 2002


E a nave se esvai

Em abandono voluntário
da aeronave da vida
sou passageira sem itinerário
que de repente desceu de pára-quedas
em e terreno deserto e solitário.
À minha frente o mar imenso
atrás a floresta virgem
acima, o céu sem limite
- esplendorosos convites à vida
os quais hesito em vivenciar.

Neste exato instante
em que a escolha deve fazer-se
esmoreço e tremo por inteiro
sou barco sem remo,
viandante sem roteiro
diante de tudo e distante de mim.

E enquanto a nave da vida se vai
singrando males pela vida afora,
colho ventos e tempestades
qualquer que seja a estação.
Trago um coração que chora e sangra
e em dores se esvai
tentando vivificar a rota
apagada e semimorta
da minha apagada carta de navegação.

.Maria Esther Torinho