Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
janeiro de 2002
O Observador
A observação de si mesmo e de outras pessoas numa
sala qualquer, ganha importância na medida da razão
direta do observador sobre os objetos observados.
Quanto mais o observador se afasta dos objetos da observação,
mais eles se tornam pequenos até seu desaparecimento aos
olhos daquela contemplação, restando apenas imagens
distorcidas na memória que se perdem no curso da história.
Esse é o leito do nosso rio, que leva nossa vida como
um barquinho de papel a navegar pelas ondas da nossa observação,
até perder-se numa curva qualquer ao longo do tempo.
A importância dos acontecimentos vale para toda a história
do tempo, pois na linha de sua existência, o observador
e os objetos da observação se confundem em importância
tal, que ao interagirem espelham a razão da própria
existência do universo.
Não estão desassociados observador e objetos da
observação, já que coexistem no mesmo espaço
de tempo. Nesse momento nós observamos todos os acontecimentos
que ocorrem e reagimos a eles através das características
humanas.
Há dez anos nós observamos o que aconteceu naquele
instante e isso se tornou passado em nossa memória. O mais
lindo é que agora coexistimos, ao mesmo tempo, como estamos
existindo há dez anos. São dois momentos de tempo
distintos.
Loucura? Não, ciência. Conhecimento humano das leis
de funcionamento do universo, acumulado até o presente
instante.
A linha de tempo real desde o surgimento do universo existe ao
tempo de sua expansão e só mostra sua importância
aos olhos do observador.
Os acontecimentos no tempo e espaço só se mostram
importante aos olhos da observação, não dos
acontecimentos.
Eles acontecem mediante causa e efeito. Por si só não
demonstram interesse algum. Acontecem e pronto.
A história do universo desde o big-bang, algo em torno
de 15 bilhões de anos, aos olhos do intelecto é
como imaginar que somos tão importantes quanto uma formiga
em que pisamos hoje de manhã e nem nos demos conta disso.
Vale para a formiga, não para nós que não
a observamos. Assim somos nós perante o universo.
Para o universo, quem é mais importante, nós ou
a formiga?
Ao tempo de 15 bilhões de anos, a observação
da existência da humanidade vale para a observação
da própria existência humana, não para a história
do todo.
Ou vale? Na verdade somos parte do todo que é indivisível
e perante sua existência, humano e formiga, são tão
importantes quanto.
Depende da observação. Do ponto de vista do humano
e da formiga. Quem é mais importante, o humano ou ela?
A grande referência talvez nem seja a capacidade de sobrevivência
da espécie, pois para o universo, quem importa mais existir,
o humano ou a formiga?
Mais uma vez vale a observação. Depende do observador.
Se para o humano é necessário pensar no criador
e sob seu ponto de vista, foi feito à imagem do criador,
então o humano é mais importante que a formiga.
Se o universo é um todo, então tudo é importante,
pois como tudo existe ao mesmo tempo e depende unicamente do observador
num momento de tempo e espaço, quem observa quem?
Observamos Deus, ou Deus nos observa? Observamos a formiga ou
ela nos observa?
E quando a estrela Sol explodir, como já explodiu no tempo
e espaço que ainda não observamos, quem será
mais importante? Nós ou a formiga?
Quem sobreviveu? Será que isso é realmente importante?
Talvez a felicidade tão buscada pela espécie humana
esteja ao alcance da simples observação: Aos olhos
do universo, somos tão importantes quanto, já que
somos parte do todo.
Aos olhos da observação, se somos parte do todo,
vale novamente perguntar: Quem é mais importante? O humano
ou a formiga?
Perante o universo, num momento de espaço e tempo, se
o valor do acontecimento depende unicamente do observador, observamos
a formiga?
Douglas Mondo
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