Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
maio de 2002
A Alma
No começo era uma brincadeira como outra qualquer. Pulava
de época em época como mero joguinhode aprendizado.
Ora era escravo lutando pela liberdade de viver e falar. Ora era
rei exercitando seu poder de cabeças cortar.
O tempo era amigo de sua farta imaginação. Cortesãs,
soldados, mercenários, políticos, assassinos, religiosos,
abastados, nada nem ninguém escapavam de sua
louca vontade de brincar de viver.Fazia do sonhar a sublime arte
de pensar.
A vida era sua aliada pela longa eternidade. Até profeta
ousou ser. Num desequilíbrio de vaidade, quase revela os
segredos da morte como fim de qualquer idade.Virou mito e símbolo
de sanidade.
De tanto brincar, brincou de se esquecer da melancolia. Uma dor
tão forte que chamou de amor para poder senti-la entre
a loucura e a agonia. Sentiu-se triste, como nunca havia se sentido
em plena alegoria.
Morreu novamente, infeliz, fruto de alguma medíocre e boba
fantasia. Nasceu poeta, para continuar a brincar com as palavras,
assim novamente pensou enganar
a lancinante dor que de amor o matou um dia.
Coitado! Faz versos tentando aplacara solidão e provar
sua tola teoria: O amor é para os fracos e ao guerreiro
cabe lutar por ideais e morrer em plena luz do dia. Apunhalado
pelas costas,em folhetim barato feito sangria.
Pobre alma! Evaporou-se entre uma vida e outra. Virou nostalgia.
Douglas Mondo
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