Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
março de 2002
Montanhas e Planícies
Na juventude amei
E com carinho reiterei,
Minha paixão pelas montanhas
Que altas e majestosas,
Impunham-se maravilhosas.
E as planícies tranqüilas
Eu não olhava...
Costumava na distância
Admirar,
Pasmar,
Pensar,
Nos mistérios
Indecifráveis
Das montanhas inescrutáveis.
E as planícies suaves
Eu nem via...
Sonhava galgar,
Escalar
E descortinar,
O mundo de bem alto,
Lá da montanha
Majestosa,
Suntuosa,
Em seu soberbo perfil,
Viril.
E as doces planícies
Eu esquecia...
Arquitetava quimeras
E devaneava
Distante,
Em pensamentos constantes,
Intrigantes
E chocantes.
Sempre
Nas montanhas,
Em suas entranhas.
E as planícies eu nem
Conhecia. Indiferente...
Mas o tempo passou,
Eu já não delineava
O pico elevado,
Tão ressaltado,
Que impressionara
Os dias passados.
Suas proporções gigantescas,
O olhar não conseguia alcançar,
E os sonhos não atingiam o lugar
Que tanto me fascinara,
Encantara
E amara.
Percebi, então, que existiam planícies
Lindas, atraentes,
De beleza veemente,
Que inspiravam poesia e doçura.
Entendi que não conseguia enxergá-las,
Porque sempre olhava para o céu
E altiva,
Inacessível,
Impenetrável.
Não enxergava a terra
Só as serras...
E a planície, tão silenciosa,
Eu comecei a amar,
Gentis e amenas
Tolerantes
E rasteiras.
Vânia Moreira Diniz
|