Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  março de 2002


Soro

Partes meu ser ao meio,
depois recolhes os pedaços
e fazes que eu me encolha em teu regaço.
Cactos de mim sorvem a seiva pouca
na secura dos teus braços.
Teu beijo tem pouca saliva
e não me contenta.
Tua seiva é soro:
não me deixa morrer
mas também não me alimenta.

Para resistir à minha sina,
sorvo a seiva
sugo restos de tua carne
na corte da faca que me retalha
adormeço em sonho incerto
flor solitária de teu deserto
e acordo enredada em tuas malhas.

Maria Esther Torinho