Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  dezembro de 2001

Pensou: Nasceu um Subversivo

Ao caminhar rumo a um objetivo qualquer, sempre há que se colocar a seguinte pergunta: "Em lá chegando, o que farei?"

Esse objetivo pode ser noções específicas aplicáveis sobre casos concretos, ou maior conhecimento universal e filosófico baseado em experiências individuais, ou ainda, o despertar da consciência através de ensinamentos fornecidos por algum sábio mestre.

A grande questão é: Descansarei, continuarei caminhando, ampliarei minha busca elegendo novos lugares e novos mestres, ou aplicarei meus conhecimentos em favor de minha felicidade própria, ou ainda, em prol da felicidade de outras pessoas?

Tornar-me-ei um mestre no ensino, ou na aplicação de meus conhecimentos?

Qual a melhor forma para difusão da ciência do saber?

As regras institucionais definem as universidades como base e ponto de partida para as realizações de experiências específicas de conhecimento acumulado, bem como a propagação dessa ciência a um número de cidadãos privilegiados, formando a corrente do saber.

Surge outra questão fundamental: Como é possível acumular conhecimento, se não estiver associado às garantias de direitos individuais existentes naquele momento histórico por determinado número de pessoas que se beneficiarão dessa mesma fonte do saber?

Outro ponto a discutir: Qual conhecimento é mais útil? O propagado em regime de liberdade histórica, ou aquele conseguido debaixo de perseguição exercida por antigos poderes dominantes?

O sabor do conhecimento surge no momento de sua aquisição, ou de sua aplicação e propagação?

Como avanço científico, o conhecimento deve estar associado à moral e à ética enquanto juízos de apreciação do bem e do mal, ou por si só justificam o objetivo de conhecê-lo e dominá-lo?

Finalmente, a razão do saber: Para que serve o conhecimento, se não for utilizado em benefício da manutenção da vida, de qualquer espécie?

Os paradigmas utilizados para difusão de conhecimento alojam-se em arquétipos formulados ao longo da história da humanidade, de acordo com as culturas que habitam o planeta desde o surgimento do primeiro homem sobre a Terra.

O saber universal acumulado pela humanidade, em momento histórico qualquer, passado ou futuro, no ato de sua apreensão pelo intelecto humano leva o indivíduo a querer propagá-lo em benefício de todos, já que sua apropriação individual não se coaduna com a própria ciência desse saber.

Nessa hora surge o indivíduo subversivo. O pensador revolucionário que quer transformar a ordem natural das relações humanas, livrando o homem de sua mediocridade existencial.

Os grandes homens que habitaram o planeta, via-de-regra, levaram suas mensagens de amor universal, sem quaisquer distinções, projetando o sonho da irmandade entre todos os homens.

Os grandes obstáculos foram as diferenças culturais, econômicas, territoriais, que acabaram fazendo da utopia a grande meta a ser atingida pelo homem.

Aquele lugar imaginário um dia pensado por Thomas Morus onde um governo sadio proporciona um modo de vida satisfatório a um povo imensamente feliz.

Um lugar onde haja a felicidade universal e seja a essência do próprio conhecimento.

Essa é a razão do saber: Saber que ao pensar o homem sonha, e ao sonhar descobre que precisa agir para transformar o sonho em realidade, e ao agir, descobre-se um subversivo, aquele que um dia perseguiu uma utopia e por isso foi perseguido.

Pensou? Bem-vindo à subversão!

Douglas Mondo