Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
dezembro de 2001
O símbolo da Solidariedade
Enquanto os seres humanos se privam do sentimento mais importante
que é seu amor ao próximo, estive estudando e conversando
com um popular filósofo.Um homem do povo cuja sabedoria
é muito maior, do que todas as pessoas que tem formação
nas mais variadas profissões. Alguém que observa
profundamente a natureza e todas as magníficas criações
que a compõem. E fiquei refletindo, em tudo que ele me
falou com incrível discernimento, para tirar minhas próprias
conclusões.
Nasci no asfalto e o barulho ensurdecedor das cidades, carros
buzinando, poluição e vida natural das grandes metrópoles
com seu movimento e agitação, foi o que sempre fez
parte dos meus hábitos diários e costumes naturais.
Sempre apreciei a natureza arrebatadora quando em momentos mais
relaxantes me permitiam essa alegria. Foi por essa razão
que me detive para observar encantada a energia que provinha da
natureza. Os passarinhos.
O individualismo permeia a vida da humanidade e cada vez mais
e com mais intensidade. Observando pela janela da encantadora
capital da república, o vôo dos pardais, detectei
que geralmente nunca estão solitários, como se a
união fosse a única força verdadeira que
poderia torná-los cada vez mais fortes. E como já
haviam me dito é a união que faz com que sejam livres
e até certo ponto poderosos.
Admirando-os, vejo que procuram alimento, porém quando
o encontram, não usufruem esse prazer sozinhos, mas vão
em busca dos companheiros para lhes fazer companhia. Magnífico
exemplo de solidariedade e amor encontrado nos pássaros,
que voam com arte, e desenham nosso panorama de beleza infinda.
Analisando isso de uma maneira mais humana, concluímos
que não existe egocentrismo, mas ao contrário, a
alegria só é verdadeiramente sentida, quando partilham
as suas necessidades mais intrínsecas. Que maravilhoso
ensinamento!
Depois fui observar com mais lentidão o João de
barro fazendo sua casinha, ele mesmo se precavendo para conforto
de seu acasalamento. E com grande surpresa observei que depois
de erguida, espera para que sua companheira entre para que
não esbarrem um no outro e se machuquem. Meu Deus! Ressaltando
silenciosamente esses pormenores, torno a ficar embevecida com
o espírito de solidariedade instintivo, que existe na sábia
e tão bela natureza.
Nunca pensei que um dia fosse contemplar, com tamanha fascinação
essas enternecedoras cenas, que fazem parte desse paraíso
que foi criado e dão equilíbrio à nossa ecologia.O
que mais me seduziu foi constatar o espetáculo da falta
de egoísmo e união que existem em seres tão
primitivos, todavia, maravilhosamente coerentes e primorosos.
Enquanto vivo no meu mundo do asfalto, não assistindo
nem demonstrando a solidariedade, posso vislumbrar um espetáculo
desses ao me transportar inteira e despojadamente, na apreciação
dessa natureza cuja convivência nos torna seres
melhores, mais generosos e conseqüentemente mais felizes.
Vânia Moreira Diniz
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