Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  julho de 2001

Casa grande da fazenda 

              A fazenda Monte Azul possuía uma área de quarenta alqueires paulistas, correspondendo a aproximadamente noventa e sete hectares. Nem toda essa área era agricultável. 
              Como ela se tornou herança, a mesma foi dividida entre nove herdeiros. Com a concordância de todos os herdeiros, as parcelas iriam  ser sorteadas, sistema mais justo encontrado. 
              João Paulo, um dos herdeiros, ficou com a sede da fazenda e mais um pequeno pedaço de terra, face à valorização que havia sido feita. Ele ficou muito satisfeito, pois a distribuição havia sido justa. 
             João Paulo assumiu o seu quinhão e tratou imediatamente de fazer algumas modificações que iriam facilitar a sua vida naquela casa. 
             A casa era muito antiga e em torno dela existiam algumas lendas, coisas da  própria região mesmo. 
             Ele não se incomodou com isso. Providenciou a sua mudança, junto com a família, imediatamente. 
             Uma das lendas dizia que a casa era mal assombrada, devido à fatos que teriam ocorrido em um passado longínquo. Cadeiras se arrastando,vozes pela casa durante a noite, passos de pessoas por toda a casa,produções que não iam à frente, e outras coisas mais. 
             João Paulo, esposa e dois filhos menores, tinham uma forte formação religiosa e  portanto não se deixaram abater com essas crendices. 
             Ele se reunia com a família todas as noites e faziam uma oração por todos aqueles que por ventura estivessem visitando a casa. 
             João Paulo que havia recebido também uma pequena parcela de pasto, resolveu limpar toda a área e dessa forma, torná-la agricultável. 
             D. Eunice, a sua esposa, com o auxílio dos filhos, resolveu a fazer uma faxina dentro de casa que em pouco tempo, já se encontrava com outra aparência.Em volta da casa, tudo foi limpo, o porão também  para ficarem livres de animais peçonhentos.
             Com a proximidade das chuvas, João Paulo resolveu cultivar algumas lavouras, como: milho, feijão e na parte mais baixa, um pouco de arroz. Organizou também alguns viveiros para codornas e em pouco tempo já estava colhendo ovos, para o seu sustento.Arranjou também algumas galinhas caipiras, soltas pelo terreiro, as quais em pouco tempo já estariam produzindo ovos. À medida que essas galinhas chocavam seus  ovos e tinham mais uma ninhada de pintinhos, com as novas produções, João Paulo poderia vende-las na feira da cidade. 
              O tempo corria muito bem para as lavouras e com um árduo trabalho pois não tinha condições de pagar um empregado, conseguiu colher os frutos para o seu sustento, evitando assim de comprar fiado na venda da redondeza. 
              Existiam  também,  alguns pés de laranjas da ilha que se encontravam mal tratados e foram também recuperados. Desta forma, eles tinham já alguns frutos colhidos na propriedade. 
             A vida dessa família era muito modesta, porém, muito segura. Não deixavam, um dia sequer, de agradecer a Deus tudo o que haviam recebido e dentro de sua humildade, tudo era muito para eles. 
             Com esse padrão de vida adotado e uma fé inabalável, as coisas só estavam progredindo e todas as lendas existentes, não passaram de simples lendas. Este fato, embora simples, mostra que com muita idoneidade, fé e perseverança, além de uma dedicação extrema ao trabalho, consegue-se vencer e crescer não necessitando porém de extensas áreas territoriais.É bem provável, que a origem das lendas se encontrava na falta de tudo aquilo que a família havia levado para lá. A religião nos ensina grandes  lições, que bem aproveitadas, só nos encaminha para o sucesso e a felicidade.O Sítio Monte Azul, foi um exemplo a ser seguido por muitos e que esses muitos saibam aproveitar as lições que a vida lhes ensina. Acabaram-se definitivamente todas as histórias. 

Alberto Metello Neves