Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  julho de 2001

SONETO SOLTO PARA UM TEMPO TRANCADO

Um drogado rindo só e sentado no meio fio
O telefone de tocaia no quarto causa um arrepio
A madrugada depositada num banco de praça
Contabilizando memórias miúdas e sem graça

Os crimes imperfeitos por toda polícia
Os dementes sorridentes do secular hospício
Sobem da rua ao apartamento gritos de artifício
Quem precisa tomar um elevador?

Dispenso e não ligo para o médico que nunca tive
Que remédio prático e amargo poderia trazer uma solução?
Amanhã às cinco da tarde sobe o dólar baixa a Bolsa

A pia louca torra a paciência cheia de louça
Não importa quantas vezes a vida se passe se limpe e se lave
Não há sabão nem pedra que para sempre enterre a sujeira breve

Ricardo Alfaya