Um espectador grita na décima-sexta fila do Cine São Luiz. O lanterninha direciona o facho de luz no rosto dele. As luzes do cinema piscam. A multidão reclama. Pedem silêncio... Repentinamente, pulando por cima das poltronas e da gente, um homem invade a imagem na tela e tenta salvar a atriz da bala aprisionada e repetida na película. A platéia incomodada ouve o estrondo do tiro. E não atina que uma mancha vermelha tinge o branco da tela entre as sombras da projeção. As luzes então se acendem. Pânico. E no instante em que a atriz foge sem perigo com a imagem."cinema ainda é a maior diversão"
(jp e luiz a. ribeiro)
Um homem, desta feita, torna-se uma agonia à frente da maculada superfície.
Do outro lado, enciumado pela ousadia daquele espectador, na última fila, o outro ardoroso fã apressa-se em fugir do local, carregadno a arma fumegante, sem enender, na correria, o que ainda pode ser real...
Do livro: "Caos portátil", Letra & Música Comunicações, 1999, CE