Comentário on line no Mix Brasil sobre "colibri deflora os chats - sexo, amor e amizade pela Internet", publicado pela Blocos em 1997 (à venda no Mix Brasil).
Colibri deflora os chats: Sexo, Amizade e Amor pela Internet
De Urhacy Faustino
Editora Blocos
222 páginas
cotação: *** (ok)
De cara, este livro já se revela bem diferente. Na primeira
impressão, o título parece remeter a uma leitura antropológica
sobre as salas de chat e a sua influência nas relações
humanas, principalmente as sexuais, na era da internet. Mas, para sua surpresa,
ao abrir as páginas, o leitor vai descobrir que o que tem nas
mãos é nada mais do que a transposição pura
desse universo
complexo de relações virtuais para as páginas
de um romance. A tela do computador são as páginas impressas;
nelas vão se
desenrolando as apresentações e os convites, a sedução
e a abordagem direta, os elogios com segundas intenções,
as ofensas
e traições virtuais, os diálogos interrompidos
e continuados. Nesse universo de nicknames, os personagens principais,
“colibri”,
“hhhhh”, e “virgem”, destacados da maioria de anônimos a procura
de amizade, sexo ou o amor pra toda vida, estabelecem seus contatos e carregam
suas máscaras. Máscaras que permitem ser o que talvez não
sejam na vida real. Através da proteção de um pseudônimo
e do anonimato, as emoções mais comuns e os desejos mais
secretos vêm à tona, num lugar onde é permitido falar
e sentir o que a realidade não permite.
Talvez o leitor comum estranhe a estrutura deste romance incomum. Mas,
como bem lembra Leila Míccolis na apresentação,
apesar do ritmo vertiginoso nas falas, emoções e personagens
que aparecem e desaparecem na tela traduzida em páginas, o
livro não deixa de ser um estudo de comportamento, que vai além
do superficialismo dos diálogos e abordagens das salas de
bate-papo e do sexo virtual.