ALCEU BRITO CORREA
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© foto de Jarbas Mamede, 2003.

Fonte: Jornal da Comunidade, 09/03/2003, Brasília/DF

O ótimo vício de escrever
Alceu Brito Corrêa é fascinado pela literatura desde a infância, mas só agora lança seu primeiro livro.

RODRIGO DALCIN

A paixão é um dos principais aditivos da literatura. Em certos casos, tal sentimento adquire proporções compulsivas e ares de vício. Para Alceu Brito Corrêa, o ato de escrever é considerado “uma doença que não tem cura”.
Mineiro, engenheiro eletricista aposentado, residindo já há 20 anos em Brasília, Alceu tem na literatura não só um vício, mas também uma espécie de elixir. A satisfação em escrever principalmente poesias transparece quando o mesmo fala sobre seu interesse e envolvimento com o universo das letras. Já na infância, admirava a distância os grandes escritores e os via como seres inatingíveis. Agora, aos 57 anos de idade, acaba de lançar Epiciclo, seu primeiro livro.
A obra reúne todo o seu trabalho como poeta que, até então, apresentava-se publicado de forma dispersa em antologias nacionais e estrangeiras. Durante muito tempo, Alceu escreveu para jornais como o Estado de Roraima. Além dos trabalhos como colunista, também possui contos em seu repertório. Mesmo tendo começado a escrever cedo, seu trabalho demorou para ser exposto ao público. Além da formação em engenharia, o escritor se refere a Carlos Drummond de Andrade para explicar sua hesitação inicial. “Em uma cidade de grandes nomes como o dele, é muito difícil ser considerado poeta”.
Além do próprio Drummond, Alceu cita outras fontes de influência em sua obra como Augusto dos Anjos, Vinícius de Moraes, Hermann Hesse e Fernando Pessoa. Já a inspiração para seus escritos, ele extrai de memórias e angústias particulares do ser humano, resultantes das desigualdades observadas mundo afora. O teor social em sua obra é, aliás, algo fortemente presente. “Cabe ao escritor ser mais um elemento de denúncia dessas disparidades, sejam elas intelectuais, políticas ou econômicas”, declara.
Mesmo considerando a prática literária como algo essencialmente individual, sua mudança para Brasília resultou em um envolvimento com associações como o Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, e o grupo Coletivo de Poetas, fundado há 12 anos. A escolha de uma cidade com notáveis atrativos estéticos fez com que Alceu também percebesse a capital federal como um local de contrastes e sínteses sociais.
Sobre o potencial literário candango, o escritor acredita no desenvolvimento de um pólo marcado por muita criatividade vinda de um número crescente de escritores e conclui: “Brasília congrega pessoas de várias nacionalidades e regiões brasileiras, desenvolvendo características próprias em razão dessa cultura plural”.
Epicilo, a estréia de Alceu Brito Corrêa lançada pela editora carioca Blocos, está a venda na Livraria Nobel do Terraço Shopping, em um stand reservado especialmente aos escritores do DF.