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Entrevista com Ricardo Alfaya

    Perguntas de: Leila Míccolis

1 - Onde você nasceu?
        Sou natural do Rio de Janeiro-RJ.

2 - Reside em outro lugar? Qual e por quê?
        Não, sempre morei no Rio, onde estudei e me fixei profissionalmente.

3 - Solteira/o? Casada/o? Filhos? Fale um pouco sobre o amor na sua vida.
        Sou casado, sem filhos. Minha esposa, Amelinda Alves, sempre apoiou e incentivou meu trabalho, o que tem sido fundamental para mim.  Além disso, com ela divido a autoria de alguns poemas visuais, sobretudo os feitos antes de possuirmos computador. Existe um grande paradoxo em minha vida.  Sou profundamente romântico, mas não aprecio muito o que Barthes apropriadamente chamou de "discurso amoroso". Toda forma de discurso amoroso se encontra muito desgastada. Tento expressar o meu amor, não falar dele.  Nada contra quem aprecie dele falar, se ainda conseguir fazê-lo com algum talento e  originalidade. Por outro lado, em 1997, tive de enfrentar a perda simultânea de meus pais, ambos faleceram, de causas naturais, no intervalo exato de um mês. Talvez o sentimento mais estranho que me ocorreu foi quando reparei na entrada da capela, uma placa com o nome de minha mãe.  Ela, que passara uma vida discreta e anônima, tinha agora direito, ironicamente, aos seus quinze minutos de publicidade. Minha resposta inicial a todo esse choque foi fazer o Nozarte n° 7, no mês seguinte ao acontecimento, dedicando-o à memória do casal.  Invadiu-me um sentimento de urgência, uma necessidade de ação, como a dizer à  Vida: você não me vai vencer.  Porém, é claro, a Vida tem bilhões de anos de experiência. Sua paciência é cósmica e infinita. Sabe o que a Vida fez?  Nada. A Vida não fez nada, somente esperou.  E aí veio com o tempo uma tristeza muito grande da qual ainda não me recuperei completamente.  Se você não quiser correr o risco de sofrer, tente evitar o amor.  Difícil é conseguir. Se conseguir, você não será humano.

4 - Que livro(s) você editou pela Blocos (nome da obra e ano)
        Estou com meus livros guardados, por me encontrar no momento em fase de mudança de residência.  Assim, não me lembro das datas com precisão.  Durante a década de 90, participei dos volumes III, V e VII de Saciedade dos Poetas Vivos, antologias poéticas organizadas por Leila Míccolis e Urhacy Faustino. O volume III propunha uma reflexão ecológica, em seu sentido mais abrangente. O volume VII teve o "mistério" como tema.  Quanto ao volume V, foi a primeira antologia brasileira inteiramente dedicada à  poesia visual; tem, assim, um importante sentido histórico e sinto muita satisfação em dela ter participado, ao lado de grandes nomes do gênero. Estou, também, com trabalhos impressos no catálogo de Blocos, Poetas dos Anos 90.  E fui incluído no Projeto Brasil 500 Anos de Poesia, o que muito me honra.

5 - Quais suas outras ocupações e preocupações, além da Literatura?
        Eu me formei em Direito e Jornalismo, trabalhei no Banco do Brasil durante 21 anos, vindo a exercer cargos de gerência média e, paralelamente, atuando na Empresa como Professor de Relações Humanas, bem como na correção de provas de redação de concurso interno. Fora do Banco, e novamente em atividade paralela, dediquei-me ao jornalismo, tendo escrito matérias para o Informativo da Fundação Getúlio Vargas e para o Perspectiva Universitária, um tablóide da Fundação Movimento Universitário de Desenvolvimento Econômico e Social, Fundação Mudes, durante o início dos anos 80.  Em 1995, resolvi aderir a um Plano de Demissão Voluntária, o famoso PDV, deixando o Banco.  Desde então venho ministrando aulas particulares de redação, trabalhando com revisão de textos, dando orientação para monografias e trabalhos escolares. Entretanto, essas atividades têm sido muito interrompidas em razão de problemas de saúde na família, mudanças de residência e tudo mais.  Espero que a Internet possa abrir novas portas, outras possibilidades.  Faço ainda o Nozarte, Informativo Cultural, que existe há cinco anos, com nove números editados até aqui, estando o décimo em preparação.

6 - Do que você se arrepende mais na vida? E do que você mais se vangloria?
        Sinceramente não me arrependo de nada.  Não é mero jogo de palavras, querer dar uma de "campeão em tudo".  Não não temos como saber, aqui e ali, qual o melhor caminho. É um tiro no escuro, um salto sobre o abismo.  A todo  momento é assim.  Como diz a canção, "só morrer é seguro". Então não me arrependo, também não me vanglorio. Toda glória, na Terra, afinal não é vã?  Em vão gloriar?  Não dá.

7 - Como você definiria sua obra?
        Sou daqueles que entendem a escrita como o exercício de uma arte.  Procuro encarar o que escrevo como um objeto produzido por mim, não como uma parte de mim.  Isso me permite um certo distanciamento, que me concede ouvir críticas, aprendendo muito com elas.  Também, a coragem de admitir que um determinado trabalho não ficou bom, que não vale a pena insistir nele e, muitas vezes, rasgá-lo.  Minha obra, portanto, reflete essa busca de beleza e sentido.  Quero inquietar o leitor, mas também, encantá-lo.  Se possível, fazer com que ao ler o meu texto o leitor seja conduzido a um estado mental de sutileza, o mais próximo que possa chegar da reflexão ou do "insight" que me levou a produzir o escrito. Cultivo o que Bachelard classifica de "repercussão da leitura no íntimo de quem a lê"..

8 - Algum esporte? Alguma mania?
        Não, nenhum esporte.  Tentei fazer Yoga durante um certo tempo, foi um dos melhores períodos de minha vida. Porém, não consegui manter a disciplina de ir às aulas, teimar com os exercícios.  Sempre fui muito mais mente do que corpo.  Não o menciono como vantagem ou desvantagem: é a constatação de um fato. Mania?  Tenho uma certa inclinação para coleções. Juntar coisas, organizar em arquivos.  Desde guri tenho isso.  Sei que é bobagem, a vida é curta, colecionar para quê?  Mas tenho essa mania, sim.

9 - Cite seus autores, músicas e filmes inesquecíveis.
        Não tenho isso de referências muito fixas. Cada autor contribuiu para minha formação de um modo único e incomparável. O que obtive em Oscar Wilde não pode ser comparado com o que encontrei em Antônio Callado.  Sempre tive dificuldade com essas coisas: os dez mais, os vinte melhores.  O que eu vejo é assim: o escritor é bom?  Ele tem originalidade, acrescentou-me alguma coisa?  Há profundidade no que escreve? Minha lista, para ser sincera, teria de ser quilométrica. Incluiria monstros sagrados, como Borges, Machado de Assis, Pessoa, Clarice, mas também muitos outros ainda não tão sagrados ou consagrados que foram e estão sendo fundamentais em minha vida.  Dá-se o mesmo com a música e com os filmes. Atualmente estou muito ligado em música clássica e erudita contemporânea.  Quanto a filmes, vejamos alguns: Laranja Mecânica; 2001, Uma Odisséia no Espaço; Cidadão Kane; Amadeus; Cinema Paradiso; Dançando na Chuva; Bye-Bye Brasil; O Inquilino (Polanski); Voltando para Casa; Feitiço do Tempo; toda a obra de Chaplin, Jacques Tati, Fellini, Bergman, Gláuber, Artur Omar. Truffaut e a "nouvelle vague" E salve Grande Otelo, O Gordo e o Magro, Oscarito, Carmem Miranda, Rodolfo Valentino, Walter Matthau, Marcelo Mastroiani.  Em resumo, não dá, é muito nome, muita gente, muita emoção..

10 - Alguma experiência engraçada, curiosa ou dramática ocorrida devido à algum texto (poesia ou prosa) que você escreveu?
        Ocorreram muitas coisas.  Textos de que esperava muito, mas que ninguém deu grande atenção, como o poema "Arquitetura Moderna", ainda de meu livro de 1982, "Através da Vidraça".  Enquanto isso, um discreto "insight", que escrevi recentemente foi divulgado em inúmeras publicações: "PASSE DE MÁGICA: Choveu, / Guarda-chuva apareceu". É engraçado, achei que a expressão escrita desse trabalho ficara muito aquém do momento mágico que o inspirou.  Entretanto, a julgar pela quantidade de alternativos que o publicaram, parece que o poema agradou. E há os casos bem pouco felizes de pessoas que às vezes interpretam mal aquilo que você quis dizer, ocasionando até mesmo a  interrupção de contatos que, de início, pareciam promissores. Felizmente, tais situações são muito esporádicas, mas já aconteceram comigo e sempre machucam um pouco.

11 - Vida e obra precisam caminhar juntas ou podem tomar rumos diferentes e até contraditórios?
        Depende da obra.  Se o autor se propuser a uma pregação moral ou à defesa de uma idéia que implique num certo comportamento, entendo que ele tenha que testemunhar.  Caso contrário, não.

12 - Entre aquela viagem ou aquele carro que você tanto sonhou e a publicação de seu livro com tiragem de 10.000 exemplares, qual dos dois você escolheria?
        Faria cinco livros com edição de 2000 exemplares cada um e esvaziaria meu baú!

13 - Que personagem de ficção você gostaria de ser na vida real?
        Eu sou um personagem de ficção na vida real.

14 - Você já cometeu alguma gafe ou indiscrição literária?
        Várias, mas seria uma indiscrição ainda maior comentá-las.  Tenho percebido que com a Intenet, a velocidade dos e-mails, a facilidade de responder-se "rapidinho", o risco de deslizes é bem maior. Noto que muitas pessoas estão esquecendo do valor e da importância, na conversação "emailástica", das orações subordinadas concessivas.  Elas são fundamentais para que boas amizades não se desfaçam por causa de tolos desentendimentos.

15 - Qual seria (ou será) a maravilha do século 21?
        A total e completa erradicação da miséria e a plena recuperação do meio ambiente terrestre. Seria essa, para mim, a maior maravilha.

16 - Você comemora o Dia Nacional da Poesia ou do Livro? De que forma?
        Em geral, quando me dou conta já passou.  Não sou muito ligado em datas festivas, exceto o Natal.  Ao contrário da maioria, sempre gostei do Natal. Não é sem razão que minha publicação se chama Nozarte. Esse nome foi criado a partir de um cartão artesanal feito por nós para o poeta Joaquim Branco, numa época natalina, creio que no início dos anos 90.  Sempre me esforço para que ao menos no Natal não falte Nozarte.

17 - Que autora ou autor você escolheria para ficar a sós numa ilha deserta e por quê?
        Autora seria Clarice Lispector.  E a escritora que mais admiro. Agora, autor, complica mais.  Atualmente seria o Borges.

    Perguntas de: Fernando Tanajura Menezes

1) O que você gostaria de perguntar a um escritor? (consagrado ou não)
        Supondo tratar-se de um escritor de talento, eu me interessaria pela questão de sua história literária pessoal, a evolução de seu trabalho como se deu.   Acho muito enriquecedor esse conhecimento. Perguntaria sobre isso.

2) Como escritor/poeta o que gostaria que lhe fosse perguntado em uma entrevista?
        Gostaria que me fizessem perguntas derivadas de uma leitura atenta de meu trabalho.

3) O que mais detestaria que lhe perguntasse se a entrevista fosse ao vivo?
        Uma pergunta excessivamente íntima, e que nada acrescentasse ao entendimento de minha obra, de fato me desagradaria muito.

    Perguntas de: Ricardo Alfaya (respondidas por ele próprio...)

1) Por que você escreve?
        Porque gosto e porque é o que sei fazer com maior qualidade.  É a melhor  forma de comunicação que tenho para com o Outro.

2) O que você considera mais importante para que uma poesia seja classificada  como de boa qualidade?
        A originalidade do escrito: no ritmo, na forma, nas imagens visuais ou  sonoras empregadas, parece-me o mais importante.  O poema no qual o autor  consegue revelar uma dicção especial, que se diferencia dos demais, constitui  o elemento que mais me chama a atenção. Em seguida, a força de sentido ou de  conteúdo, que faz com que o poema se torne impactante. Esse impacto tanto  pode ser no sentido estético (a distribuição do poema na página; elementos  gráficos; sonoridade; qualidade, raridade e propriedade dos vocábulos  empregados, etc.) quanto no ritmo ou mesmo no conteúdo final.  Há poemas que  seduzem pelo que possuem de belo. Outros, causam uma inquietação,  levando-nos a buscar um aprofundamento de seu significado. É importante  também a questão da medida. Não convém que um poema passe do ponto. Um  verso a mais e o que se pretendia lírico se torna meloso; o que se sonhava  reflexivo se transforma em enfadonho; o que era para ser protesto vira  agressão. Prefiro poemas onde não haja versos sobrando, isto é, admiro mais  o poeta que consegue imprimir beleza em cada linha que faça. Versos de caráter meramente discursivo não são muito do meu agrado. Porém, é  muito difícil falar em critérios muito precisos para nossa época, na qual prevalece  o convívio de uma pluralidade de tendências.

3) Que autores influenciaram sua forma de escrever?
        Todos que eu li me influenciaram de alguma forma, mesmo os de que não gostei.  Estes, exemplificaram-me caminhos que não devo seguir.

4) Sente o escrever como missão, lazer, prazer ou como conditio para a sobrevivência? Você acha que poderia parar de escrever?
        Não acho muito bom glamourizar demais a coisa, dar uma de mártir, santo ou  apóstolo.  Escrevo porque preciso, é certo.  Se é uma missão ou não, no  sentido de algum compromisso assumido em dimensões alhures, não tenho  condições de responder.  Até pode ser que sim.  Sei que não poderia parar,  porque já tentei e não consegui.

5) No seu entender, o compromisso social é uma condição essencial para um bom
escritor?
        Sim, mas no sentido libertário, não no partidário-ideológico da expressão.  Por exemplo, alguns dizem que Nelson Rodrigues era reacionário. Para mim sua  obra é libertária porque liberta do inconsciente verdades incômodas da realidade psicossocial que, em geral, tanto o indivíduo quanto a sociedade se  recusam a ver. Nelson, como bom teatrólogo, tem consciência da importância  da peça teatral como forma de catarse. E toda catarse, em princípio, possui caráter libertário.

6) Que influência a Internet exerceu em sua escrita?
        Há um antes e um depois da Internet na vida de todo aquele que escreve hoje em dia. Pela primeira vez se torna viável que todo escritor em atividade exponha seu trabalho num mesmo lugar e em quantidade. No ar, indícios de influências estéticas na poesia decorrentes de sua divulgação pela Rede. Porque a Internet é uma nova mídia e com uma nova estrutura. Guardados os devidos limites e proporções, ainda vale o que disse Marshall Mc Luhan: "os  meios são as mensagens".  Naturalmente, a escrita em verso e em prosa não sairá imaculada de tão radicalmente diferente e profundo mergulhar. Mas  ainda é cedo para antecipar conclusões.

7) Você acha que sua escrita poderá vir a afetar de alguma forma a realidade?
        Sua simples existência material já afeta a realidade. Sim, acredito.

8) Que qualidade considera fundamental num escritor?
        Persistência. Uma persistência de ouro. Caso contrário, não há talento que agüente.  Se não for filho de, casado com, namorado da, amigo do. Se não tocou no rádio, não fez parte de famoso conjunto de rock. Se não tiver muito talento depositado no banco, somente com persistência, muita.  Porém, tem que  procurar aprimorar-se sempre, além de acreditar naquilo que faz.

9) A crítica literária ajuda ou atrapalha?
        De certo modo, atrapalha, porque somente se detém sobre nomes consagrados. Poucos se dão ao trabalho de procurar, de abrir portas. Percebe-se que há um excessivo cuidado, o crítico não quer se "queimar", arriscando-se a pôr seu aval sobre o nome de um escritor que ainda não se encontre plenamente aceito. Porém, essa omissão é uma faca de dois gumes.  Quantos críticos do passado foram cobrados, justamente por não ter a lucidez de notar o talento deste ou daquele escritor!

10) É notório que existe uma quantidade enorme de escritores, sobretudo no campo da poesia, em detrimento do número de leitores. A grande quantidade é  para você um incentivo ou um desalento?
        É uma realidade.  Forçoso observar que, nesse caso, a grande quantidade prejudica a boa visibilidade. Há muita gente escrevendo e isso tende a crescer com a Internet.  Afinal, quase todo mundo pode ter uma home page, além de existirem sites que permitem a qualquer autor a divulgação de seu trabalho, sem qualquer restrição ou critério seletivo.  Há muitas pessoas que dizem assim: "Tudo bem que o indivíduo queira escrever, trata-se de uma excelente terapia.  Porém, ele deveria guardar seus escritos para si".  Ora, quem consegue isso? É um impulso natural do ser humano querer mostrar ao Outro aquilo que produziu.  Basta observar as crianças. A criança faz um desenho, quer mostrar ao pai, à  mãe, à  vovó, a quem estiver por perto. Também faz parte da terapia o mostrar! Implica no experimento da aceitação, da troca de afeto.  Além do mais, como o indivíduo pode evoluir no que faz se não se submeter ao olhar do Outro?  Ele precisa saber o que os demais pensam, descobrir por qual motivo um determinado trabalho dele foi publicado; aquele, não.  Necessita observar, comparar.  E não vale também o argumento de que o bom poeta já se revela desde o primeiro livro.  De fato, isso acontece em alguns casos.  Talvez o exemplo mais radical seja Rimbaud que ainda muito jovem abalou as estruturas da poesia feita na época.  Porém, o talento de Walt Whitman, considerado por muitos o maior poeta da América, somente explodiu plenamente depois dos 40 anos.  Paul W., seu admirador, crítico e biógrafo mencionou que, até os 40 anos, Whitman nada havia escrito que se pudesse considerar importante.  Por outro lado, o que desanima é notar que  existem pessoas que nada mais fazem do que brincar de fazer poesia.  Encalham num esquema, numa fórmula e ficam ali, naquele negocinho miúdo, você percebe  que o indivíduo não está sequer buscando, ele parou no tempo.

11) O que acha que poderia ser feito, se  é que poderia, para que mais pessoas se interessassem pela literatura?
        Erradicar o analfabetismo; apresentar na TV personagens glamourosos lendo e mencionando livros; baratear o livro; democratizar o acesso ao computador e à Internet, incentivando a criação de sites que divulguem boa literatura; campanhas educativas, inteligentes, bem elaboradas, que estimulem a criança a ver menos televisão e a se aproximar mais do livro;  valorizar e estimular a  existência dos sebos e dos livreiros autônomos ambulantes; impostos especiais, menos onerosos, para quem lida com livro.  O problema é que muitas dessas medidas contrariam interesses poderosos e por isso não são levadas adiante.

12) Que ambiente você prefere para escrever?
        O mais importante é que o ambiente se encontre silencioso e livre de incômodos (mau cheiro, sujeira, mosquitos, etc.).  Entretanto, uma pintura agradável, uma planta, uma música clássica ajudam bastante.

13) Manhã, tarde, noite - Existe um horário que lhe seja mais propício ao escrever ou isso lhe é indiferente?
        A idéia ou inspiração para um trabalho me costuma ocorrer a qualquer momento, sobretudo quando se trata de poesia.  Porém, muita coisa me vem quando já estou escrevendo. O próprio ato de escrever parece conduzir a um estado mental propício à criatividade. Em geral, quando a idéia surge, procuro anotá-la logo, de forma esquemática.  Se não me for possível anotar, fico repetindo mentalmente para não esquecer.  Agora, o "transpirar" costuma ocorrer pela noite.  Em especial, durante a madrugada.

14) Você utiliza algum artifício que o induza a um estado de espírito favorável à escrita?
        Quase não me é necessário induzir o impulso à escrita. Ao contrário, tenho de contê-lo. Se não for assim, não faço outra coisa o dia todo a não ser ficar escrevendo.

15) O que é melhor: escrever ou ver publicado?
        Ver publicado.  É a conclusão de um ciclo, é quando a coisa faz sentido.

16) Escrever em computador, à mão ou em máquina de escrever.  Faz diferença  para você?
        Faz. Não escrevo prosa à  mão e aposentei a máquina de escrever.  Prosa, hoje, somente no computador.  Apenas em carta, vez por outra, emprego a caneta.  Contudo, na poesia, dou preferência à  caneta, e de tinta azul.  Não gosto muito de tinta preta para redigir poesia.  Em geral, as revisões do poema são concluídas no computador.

17) Qual a pergunta que você gostaria que eu lhe tivesse feito e que não fiz?
        Creio que a entrevista ficou de bom tamanho.  No momento, não me recordo de nenhum aspecto a mais que desejasse acrescentar, a não ser o de agradecer  pela oportunidade que me foi concedida, bem como a paciência daqueles que se dispuseram a ler meu depoimento.  Fica meu endereço para eventuais contatos: ricardoalfaya@aol.com ou Caixa Postal 62617, Rio de Janeiro-RJ, 22252-970.