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Entrevista com Carla Dias

    Perguntas de: Leila Míccolis

1 - Onde você nasceu?
            Em Santo André, São Paulo.

2 - Reside em outro lugar? Qual e por quê?
            Moro em São Paulo, capital. Mudei para cá em 95 por conta do meu trabalho.

3 - Solteira/o? Casada/o? Filhos? Fale um pouco sobre o amor na sua vida.
            Solteira, sem filhos mas com quatro sobrinhos muito bacanas. Sobre o amor, espero que falem sobre neste momento.

4 - Que livro(s) você editou pela Blocos (nome da obra e ano)
           Encontros, antologia de contos organizada pelo Whisner Fraga, 1998.

5 - Quais suas outras ocupações e preocupações, além da Literatura?
            Eu trabalho com música. Faço produções de eventos e também toco (bateria).

6 - Do que você se arrepende mais na vida? E do que você mais se vangloria?
            Não me arrependo de nada. Sou impulsiva por natureza e se cair nessa armadilha de arrependimento, estou perdida. E também não me vanglorio de nada. Sou uma pessoa que tem sorte de poder trabalhar com o que gosta e isso apenas me faz bem, sem exageros.

7 - Como você definiria sua obra?
            Nunca parei para pensar nisso...

8 - Algum esporte? Alguma mania?
            Esporte, infelizmente, não. Acho muito bacana aquelas pessoas que têm ligação com ele. Mania, várias. Dormir com a TV ligada é apenas uma.
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9 - Cite seus autores, músicas e filmes inesquecíveis.
            Autores: Clarice Lispector, Herman Hesse, Vinícius de Moraes e Milan Kundera. Músicas: It’s raining again (Supertramp), Drão (Gilberto Gil), The Rain Song (Led Zeppelin), Esquinas (Djavan), Everyday (Dave Matthews Band) e Mulheres de Atenas (Chico Buarque). Filmes: Assédio, Todas as Manhãs do mundo, Estranhos Prazeres, A lenda do pianista do mar, O primeiro dia e A ostra e o vento

10 - Alguma experiência engraçada, curiosa ou dramática ocorrida devido à algum texto (poesia ou prosa) que você escreveu?
            Uma vez escrevi uma crônica e nem me lembro bem sobre o quê, mas uma pessoa me mandou uma mensagem dizendo que havia gostado do texto, tecendo vários elogios para depois dizer que acreditava que a mulher nasceu para servir o homem, cozinhar, amar, cuidar do homem e não para ser escritora, expor idéias, enfim. Descobri, mais tarde, que essa pessoa lidera um grupo de religiosos que defende aquela idéia de que o homem trabalha e a mulher cria os filhos. Fiquei mal com aquilo, mas não respondi a mensagem dele. Fiquei mal por ele, afinal, não há como eu respeitar a posição de alguém que não respeita a dos outros.

11 - Vida e obra precisam caminhar juntas ou podem tomar rumos diferentes e até contraditórios?
            Falo por mim: escrever é minha fala. Então, não há como o que escrevo  não caminhar junto com a vida que levo. Sem contar que eu exponho escrevendo aquilo que aprendo vivendo.

12 - Entre aquela viagem ou aquele carro que você tanto sonhou e a publicação de seu livro com tiragem de 10.000 exemplares, qual dos dois você escolheria?
            Eu já banquei um livro e assim, me desfazendo de algo importante. Não o faço mais. Naquela época eu acreditava que a publicação de um livro era tão importante quanto escrevê-lo. Não acredito mais nisso e não me importo em engavetar minhas obras enquanto tento entrar no mercado como a maioria: enviando originais à editoras. Cheguei à conclusão de que escrever é o principal porque me faz bem. Não adianta você ter 10.000 exemplares de um livro e sua autoria e não ter uma estrutura para lançá-lo no mercado.

13 - Que personagem de ficção você gostaria de ser na vida real?
            Andrea Parker do seriado Pretender. Ela é uma histérica de primeira grandeza, o tipo de mocinha bandida, sabe? Aquela que aponta a arma para quem deseja capturar, chuta a canela de meio mundo e para quem a comoção é um inferno

14 - Você já cometeu alguma gafe ou indiscrição literária?
            Várias. Quem não as comete?

15 - Qual seria (ou será) a maravilha do século 21?
            Não sei dizer. Espero que seja algo bom para todos nós.

16 - Você comemora o Dia Nacional da Poesia ou do Livro? De que forma?
            Não comemoro, mas não tem a ver com a poesia ou o livro. Não acredito muito em datas como esta. A literatura deveria ser comemorada diariamente ao fazer parte da vida de todos nós. Não acontece.

17 - Que autora ou autor você escolheria para ficar a sós numa ilha deserta e por quê?
            Eu não ficaria a sós numa ilha deserta com quem fosse. Não sou muito boa em encontros marcados. Eu gosto da idéia de encontrar as pessoas e, aos poucos, saber delas... sem que seja necessário um acontecimento inusitado para me colocar no mesmo lugar onde ela está.

    Perguntas de: Fernando Tanajura Menezes

1) O que você gostaria de perguntar a um escritor? (consagrado ou não)
            Gosto de saber do processo de criação dos escritores. Faria alguma pergunta que me levasse a isso.

2) Como escritor/poeta o que gostaria que lhe fosse perguntado em uma entrevista?
            Nunca pensei nisso. Não sei.

3) O que mais detestaria que lhe perguntasse se a entrevista fosse ao vivo?
            Qualquer pergunta sobre como me visto. Virou mania querer saber onde você “faz” o cabelo, qual é a marca da sua blusa ou mesmo qual é o seu estilista do momento. Fico muito chateada quando isso acontece em entrevistas com pessoas bacanas e que têm mais a oferecer do que dicas de moda e embelezamento.

    Perguntas de: Ricardo Alfaya

1) Por que você escreve?
            Porque sou péssima falando.

2) O que você considera mais importante para que uma poesia seja classificada  como de boa qualidade?
            Não sei dizer. Eu apenas leio e ela me toca, me comove. Não sei da regra.

3) Que autores influenciaram sua forma de escrever?
            Eu comecei a escrever antes de ter acesso a livros. Não sei se há uma influência direta de algum autor, ao menos na poesia. Já na prosa, algo muito recente para mim, sinto como se estivesse aprendendo a compreender até onde posso chegar com as palavras. Estou aprendendo a lidar com ela e um autor que tem me ensinado muito é o Whisner Fraga. Adoro a forma como ele escreve.

4) Sente o escrever como missão, lazer, prazer ou como conditio para a sobrevivência? Você acha que poderia parar de escrever?
            Para mim escrever é a mais pura necessidade. Do prazer à dor, é ela quem me guia. Não posso dizer se poderia parar de escrever, porque não há previsão que nos dê idéia do que seremos capazes de fazer no próximo segundo. Mas, neste momento, escrever é orgânico demais. Respiro, portanto escrevo.

5) No seu entender, o compromisso social é uma condição essencial para um bom  escritor?
            Não sei se o compromisso é uma condição essencial. Acho que um escritor pode colaborar em várias coisas com as pessoas e com o mundo ao não ater-se aos compromissos. Já vi escritores colaborando com a sociedade justamente por não terem pensado somente nela ao escrever. Não sei...

6) Que influência a Internet exerceu em sua escrita?
            Ela me proporcionou conhecer vários autores e isso significa novas informações.

7) Você acha que sua escrita poderá vir a afetar de alguma forma a realidade?
            Não.

8) Que qualidade considera fundamental num escritor?
            A falta de medo em escrever. Admiro quem consegue se expor através da sua obra sem que seja necessário aparar aqui e ali. Espero um dia conseguir fazer isso.

9) A crítica literária ajuda ou atrapalha?
            Ajuda e atrapalha.

10) É notório que existe uma quantidade enorme de escritores, sobretudo no campo da poesia, em detrimento do número de leitores. A grande quantidade é  para você um incentivo ou um desalento?
            Por que seria um desalento? Se mais pessoas voltassem suas energias a escrever poemas, teríamos um mundo mais sensível, menos cruel.

11) O que acha que poderia ser feito, se  é que poderia, para que mais pessoas se interessassem pela literatura?
                Acho os livros caros e nem tudo está disponível nas bibliotecas. Livro tem que deixar de ser para classe média e alta.

12) Que ambiente você prefere para escrever?
            Eu não tenho direito a essa preferência. De repente, seja onde for, preciso escrever.

13) Manhã, tarde, noite - Existe um horário que lhe seja mais propício ao escrever ou isso lhe é indiferente?
            Escrevo muito à noite. É quando os barulhos da cidade são mais amenos.

14) Você utiliza algum artifício que o induza a um estado de espírito favorável à escrita?
            Música.

15) O que é melhor: escrever ou ver publicado?
            Escrever e, se possível, ver publicado.

16) Escrever em computador, à mão ou em máquina de escrever.  Faz diferença  para você?
            Gosto do computador por causa da velocidade que se tem ao digitar. às vezes a mão não acompanha o raciocínio. Isso não quer dizer que eu não adore rabiscar em papéis.

17) Qual a pergunta que você gostaria que eu lhe tivesse feito e que não fiz?
            Nenhuma. Está bom para mim.