CARA(S)VEL(H)AS - ( MANUSCRITO 2.000)
 
 “Em se plantando, tudo dá...”
(Carta de Pero Vaz Caminha)

“...Pátria Amada/Pátria minha/Pátria nada/Patriazinha”
(Poeta Vinícius de Morais)


                            01)

Vamos invadir a Terra de Santa Cruz, Brasil
Vamos explorar a Terra de Santa Cruz, Brasil
Vamos colonizar a Terra de Santa Cruz, Brasil
Aquelas grandes árvores raras, belas, tintureiras
Aquelas rubras vergonhas de índias saradinhas
Aqueles exóticos litorais; praias a beira-mar
Aqueles cafundós de Ameríndias Tordesilhas
 
 

                            02)

Vamos deixar nossas civilizadas marcas santas:
Sífilis, Cruzes, Vírus - muitos mestiços bastardos
E depois, ainda, para plantio lucrativo levaremos
Fortes negros seqüestrados do norte da África
Para poderem nos produzir latim, açúcar e ouro
E gerar mulatas, amas-secas - escravas sem alma
Em rituais pagãos, nos becos injustos das senzalas

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Quando voltarmos, vitoriosos à nobre metrópole
Deixaremos milhões de vermelhos selvagens extintos
De castigo, jesuítas, inquisidores, moínhos, pestes
 E uma continental, sagrada língua-mãe, ibérica
Até que Poetas trovadores, centenas de anos depois
Lavrem rústicos banzos tropicais, desabafando
Com a nossa caravélica e histórica marca: Lusos!
 

               Silas Corrêa Leite
(Série Agenda Brasil 500 Anos Banzos-Blues)